Por que a Codependência Materna é Mais Frequente do que a Paterna?

Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

A codependência materna em relação ao dependente químico costuma ser mais intensa por diversos fatores emocionais, sociais e culturais. Neste artigo, vamos explorar as principais razões que tornam as mães mais propensas a desenvolver essa condição e como lidar com ela de maneira saudável.

1. Ligacão Emocional Profunda

Desde a gestação, a mãe cuida, protege e sente responsabilidade pelo bem-estar do filho. Quando ele se torna um dependente químico, essa sensação de responsabilidade aumenta, levando a tentativas constantes de “salvá-lo”. Esse vínculo afetivo torna mais difícil para a mãe impor limites.

2. Papel Social da Maternidade

Culturalmente, a maternidade é associada ao papel de cuidadora. Muitas mães sentem que precisam resolver os problemas dos filhos, mesmo que isso as prejudique emocionalmente, financeiramente e fisicamente. Esse comportamento reforça a codependência.

3. Culpa e Sensação de Falha

O sentimento de culpa é um dos grandes motores da codependência. Muitas mães acreditam que falharam na educação ou que poderiam ter evitado o vício do filho. Como forma de compensação, tentam estar sempre presentes e resolver os problemas dele.

4. Dificuldade em Impor Limites

A mãe codependente pode aceitar comportamentos destrutivos do filho, como manipulação, mentiras e agressões, acreditando que, ao ceder, está ajudando. O medo de piorar a situação ou perder o contato com o filho faz com que ela evite impor limites necessários.

5. Medo da Perda e da Rejeição

O medo de perder o filho para as drogas ou para a morte é um dos fatores que mantém a mãe em uma relação disfuncional. Muitas também temem ser rejeitadas, caso deixem de oferecer suporte irrestrito.

6. Recompensas Emocionais Inconscientes

Mesmo sofrendo, algumas mães sentem que sua vida tem propósito ao “ajudar” o filho. Esse ciclo de sacrifício e esperança alimenta a codependência, pois ela sente que ainda tem controle sobre a situação.

7. Falta de Apoio Emocional e Psicológico

Muitas mães não buscam ou não têm acesso a terapia e grupos de apoio como o Nar-Anon, o que as torna mais vulneráveis à codependência. A falta de informação e suporte dificulta a quebra desse padrão.


Como Quebrar a Codependência?

✅ Buscar terapia para entender os próprios sentimentos e aprender a impor limites saudáveis.

✅ Participar de grupos de apoio para familiares de dependentes químicos.

✅ Compreender que ajudar não significa permitir comportamentos destrutivos.

✅ Focar no autocuidado, recuperando sua identidade e bem-estar.

A codependência materna pode ser superada com informação, suporte e, principalmente, a consciência de que amor verdadeiro não é permitir que o outro se destrua, mas incentivá-lo a buscar ajuda.

Comentários

4 respostas para “Por que a Codependência Materna é Mais Frequente do que a Paterna?”

  1. Avatar de ALCINIR PESSANHA DE OLIVEIRA
    ALCINIR PESSANHA DE OLIVEIRA

    Excelente texto, muito esclarecedor..
    Parabéns Jairo, e obrigado por dividir sua experiência conosco…

  2. Avatar de ANNA KARINA ABY SABER
    ANNA KARINA ABY SABER

    Realmente, eu sempre me senti culpada pela dependência do meu filho, eu achei que falhei em vários aspectos , na educação dele ! Só que eu tenho 3 filhos e só ele é dependente, então com o passar dos anos eu percebi,que realmente a culpa não foi minha ! Ele que buscou essa fuga, por não se aceitar, por achar que era excluído do ambiente escolar e diversas outras disfunções. Ele foi diagnosticado desde os 9 anos com TDHA. Sempre fez terapia , desde os 4 anos de idade por ter comportamento compulsivo. Mas nada disso resolveu. Quando entendi que isso foi escolha dele , eu comecei a me sentir menos culpada , e comecei a viver melhor , mas é muito difícil lidar com essa situação.

  3. Avatar de Eliane batista da silva nunes
    Eliane batista da silva nunes

    Um texto muito exclarecedor me ajudou muito

  4. Avatar de Rosimeire Aparecida Pires da Cruz
    Rosimeire Aparecida Pires da Cruz

    Muito esclarecedor esse texto. Obrigada Jairo por compartilhar. Me vi nele inteirinho, vejo o quanto ainda tenho que mudar, estou gatinhando ainda, porém, me cuidando e logo estarei caminhando mais rápido. Fica muito mais fácil quando aceitamos, entendemos e trabalhamos a CODE. Uma doença pior que a dependência.

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