Por que é tão difícil aceitar a doença da adicção?
Por Marcelle Caroline Azevedo – Psicóloga Clínica | CRP 11/517 – Psicanalista, Terapeuta em Dependência Química
Compreendendo a dificuldade de aceitar a dependência química
Aceitar o diagnóstico da adicção (ou dependência química) não é simples — é, na maioria das vezes, um processo doloroso e desafiador. Enfrentar essa realidade significa abrir mão de diversos aspectos que são, culturalmente, vistos como sinônimos de prazer, sucesso ou liberdade.
Festas, prazeres momentâneos, o desejo de sempre ter razão, relações amorosas instáveis, a necessidade de perdoar rapidamente, mostrar-se compreensiva o tempo todo, trabalhar em excesso, manter relacionamentos a qualquer custo… Tudo isso pode fazer parte de um estilo de vida que mascara sofrimentos internos. E talvez o ponto mais delicado: abrir mão do aparente controle sobre a própria vida.
O autoengano como mecanismo de defesa
Essa renúncia interna não acontece de imediato. Muitas pessoas em processo de tratamento tentam justificar seus comportamentos com frases como:
- “Eu só uso socialmente”
- “Consumo em pequenas quantidades”
- “Estou no controle”
Mesmo durante a reabilitação, ainda pode haver resistência em reconhecer o quanto o vício afeta sua saúde mental, emocional e relacional. Esse autoengano é um dos maiores obstáculos no caminho da recuperação.
Adicção: aceitar é o primeiro passo para mudar
É comum tentar mascarar a tomada de consciência, principalmente quando a verdade dói. Mas aceitar a adicção como uma doença crônica, progressiva e tratável é um ato de coragem, lucidez e responsabilidade. Esse é o primeiro e mais importante passo rumo à recuperação integral.

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