Categoria: dependência química

  • As Fronteiras das Toxicomanias

    As Fronteiras das Toxicomanias

    As Fronteiras das Toxicomanias

    Autor: Frederico Ramos – Psicólogo Clínico e Psicanalista

    Descubra como a integração de tratamentos e a abordagem interdisciplinar são essenciais no combate à dependência química. Saiba por que quebrar estigmas e promover conscientização é um passo vital para a recuperação.


    A urgência de um novo paradigma no tratamento da dependência química

    A dependência química é uma doença complexa, crônica e de múltiplas causas. O desafio de integrar o atendimento ao usuário de drogas vai além de uma questão clínica — trata-se de uma mudança de paradigma que visa transformar o modelo fragmentado de cuidado que, por décadas, alimentou o aumento das internações hospitalares e agravou os índices de violência urbana e doméstica.

    Consequências invisíveis da dependência: além dos sintomas superficiais

    Durante muito tempo, a abordagem clínica centrou-se apenas nos sintomas aparentes da dependência. Assim como ocorre com pacientes depressivos que tratam apenas os efeitos e não a causa central do sofrimento, os dependentes químicos muitas vezes recebem atenção para as consequências — acidentes, doenças associadas, conflitos familiares — mas não para a raiz da compulsão.

    Essa postura superficial resulta em tratamentos ineficazes, elevando os custos para o sistema de saúde pública e promovendo a reincidência da doença.

    A importância da formação e da abordagem interdisciplinar

    Um dos maiores entraves no combate à dependência química está na formação dos profissionais da saúde. Muitos ainda não reconhecem a compulsão como doença central e continuam focando apenas em suas repercussões.

    É necessário que todos os envolvidos — médicos, psicólogos, assistentes sociais, educadores e familiares — compartilhem um discurso afinado e sem julgamentos. Essa abordagem interdisciplinar é fundamental para garantir que o paciente tenha suporte contínuo e consistente em todas as etapas da recuperação.

    Grupos terapêuticos e a força da identificação

    O tratamento da dependência química também passa pela força dos grupos terapêuticos. Enxergar nos outros a própria luta cria uma rede de apoio emocional poderosa. O espelho deixa de refletir uma dor solitária e passa a revelar uma jornada coletiva de superação.

    Esses grupos oferecem não apenas escuta e acolhimento, mas também um espaço para que o indivíduo possa se expressar, refletir sobre seus hábitos e desenvolver novas estratégias para lidar com a compulsão.

    O papel dos grupos de mútua ajuda e o apoio psicológico

    Além do acompanhamento médico e psicológico individual, os grupos anônimos de mútua ajuda têm um papel essencial. Através do compartilhamento de experiências, acolhimento mútuo e incentivo à perseverança, esses grupos promovem a prevenção de recaídas e ajudam na construção de uma nova identidade, livre da dependência.

    A constância dos encontros e o compromisso coletivo fortalecem os laços afetivos e sociais, elementos fundamentais para o sucesso no tratamento.

    Políticas públicas, integração de serviços e combate ao estigma

    Para que o tratamento da dependência química seja realmente eficaz, é indispensável a integração entre os setores públicos e privados, além de uma vontade política firme em promover políticas públicas sérias, livres de estigmas e preconceitos.

    Tratar o usuário de drogas como doente — e não como criminoso ou moralmente fraco — é o ponto de partida para uma abordagem humanizada, preventiva e transformadora.


    Conclusão: tratar é conscientizar e integrar

    Tratar a dependência química não é apenas medicar ou internar. É proporcionar ao indivíduo e à sua família recursos concretos, apoio contínuo e um ambiente livre de julgamentos. É reconhecer a doença em sua complexidade, romper barreiras culturais e oferecer caminhos reais para a transformação.

    Ao unirmos forças, saberes e empatia, damos um passo importante rumo a uma sociedade mais consciente, inclusiva e saudável.

    Autor : Frederico Ramos

    Psicologo e Psicanalista .

    https://terapeutaconecta.com.br/terapeuta/72

  • O Poder do Apoio Familiar na Recuperação da Dependência Química.

    O Poder do Apoio Familiar na Recuperação da Dependência Química.

    O Poder do Apoio Familiar na Recuperação da Dependência Química.

    Autor: Psicologo Ailton Paulino dos Santos Júnior

    Hoje em dia, muitas pessoas acreditam que internar um ente querido em uma clínica ou comunidade terapêutica é a melhor solução. No entanto, ao longo do tempo em que trabalhei nesses espaços, percebi que cerca de 90% dos pacientes acabavam recaindo no uso de álcool e drogas. Muitos, inclusive, deixavam a clínica e, no mesmo dia, já procuravam a substância novamente.

    Essa realidade me fez refletir: o confinamento por longos períodos — de nove meses a um ano — não garante, por si só, a conscientização e transformação necessárias para uma mudança de vida. A recuperação não depende apenas do isolamento, mas principalmente de apoio, afeto e acompanhamento adequado.

    A presença ativa da família durante o tratamento faz toda a diferença. Quando o paciente sente que não está sozinho, que há alguém acreditando nele, o processo se torna mais leve, mais rápido e mais efetivo. O suporte familiar, aliado ao acompanhamento psicológico e psiquiátrico, fortalece a autoestima e a motivação para seguir em frente.

    É claro que há situações em que a internação é necessária, principalmente quando não há quem possa acompanhar o tratamento de perto ou quando o quadro clínico exige esse cuidado. Mas, sempre que possível, estar presente, cuidar com amor e atenção, é um ato de enorme valor.

    Falo isso com conhecimento de causa. Eu mesmo enfrentei a dependência do álcool e das drogas por muitos anos. Cheguei ao fundo do poço, perdi oportunidades, me afastei de pessoas importantes e quase me perdi de mim mesmo. Mas foi quando recebi o apoio verdadeiro da minha família que tudo começou a mudar. Eles não desistiram de mim. Estiveram ao meu lado nos momentos mais difíceis, mesmo quando eu já não acreditava em mim. Com esse suporte e com acompanhamento profissional, consegui me recuperar.

    Hoje estou limpo, fortalecido e com um propósito: ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo desafio. Compartilho minha história porque acredito que ninguém precisa enfrentar isso sozinho — e porque eu sou prova viva de que a recuperação é possível.

    Vale lembrar que esse problema afeta toda a família, direta ou indiretamente. E para que o tratamento funcione, é essencial que o paciente tenha um forte desejo de mudar. Sem essa disposição interior, infelizmente, o processo pode se tornar apenas uma perda de tempo, energia e relações importantes.

    Por isso, se você está enfrentando a dependência química, olhe para além do efeito momentâneo da substância. Reflita sobre o que realmente tem valor em sua vida. Acredite: é possível parar, com força de vontade, responsabilidade e o apoio de quem te ama.

    Autor: Psicologo Ailton Paulino dos Santos Júnior

    https://terapeutaconecta.com.br/terapeuta/ailton-paulino-dos-santos-junior

  • Maconha faz mal? Entenda o que ela causa no corpo e na mente

    Maconha faz mal? Entenda o que ela causa no corpo e na mente

    Maconha faz mal? Entenda o que ela causa no corpo e na mente.

    Autora : Jaqueline Peixoto de Lima Lopes

    A ideia de que a maconha é uma droga “leve” ou “natural” ainda está presente no imaginário de muitas pessoas. No entanto, essa visão pode ser extremamente perigosa — especialmente para quem está em processo de recuperação da dependência química.

    A verdade é que a maconha pode causar vício, além de provocar uma série de danos à saúde mental, física e emocional. Entenda, neste artigo, como essa substância age no organismo e os impactos que pode gerar com o uso contínuo.


    🌿 Como a maconha age no corpo?

    A principal substância psicoativa da maconha é o THC (tetrahidrocanabinol). Ao ser fumado ou ingerido, o THC se liga aos receptores do cérebro, interferindo em várias funções cognitivas e físicas, como:

    • A percepção da realidade
    • A atenção e memória de curto prazo
    • A coordenação motora
    • O tempo de reação

    Essas alterações são perceptíveis mesmo após poucas doses e se intensificam com o uso prolongado.


    🧠 Efeitos no cérebro e nas emoções

    O uso constante da maconha afeta diretamente o funcionamento emocional e psicológico do indivíduo. Entre os efeitos mais comuns estão:

    • Dificuldade de concentração e aprendizado
    • Falta de motivação e apatia
    • Episódios de ansiedade e crises de pânico
    • Paranoia, delírios e sintomas psicóticos (em casos mais graves)

    Com o tempo, pode se desenvolver a chamada síndrome amotivacional, em que a pessoa perde o interesse pelas atividades diárias, se isola socialmente e sente que nada mais faz sentido.


    ❤ Efeitos físicos do uso da maconha

    Embora muitos se atentem apenas aos efeitos mentais, os danos físicos também são significativos. Veja alguns dos principais:

    • Aceleração dos batimentos cardíacos — perigosa para pessoas com histórico de problemas cardíacos
    • Irritação pulmonar — usuários frequentes têm mais chances de desenvolver bronquite crônica
    • Alterações hormonais — como queda da libido e dificuldades relacionadas à fertilidade
    • Comprometimento do sistema imunológico — tornando o corpo mais vulnerável a infecções

    🚫 A maconha vicia?

    Sim. Apesar da crença de que a maconha não causa dependência, a ciência já comprovou o contrário. O uso frequente pode levar à tolerância (necessidade de doses maiores para o mesmo efeito) e à síndrome de abstinência, com sintomas como:

    • Irritabilidade
    • Ansiedade
    • Insônia
    • Dificuldade de concentração

    A dependência é real e pode comprometer seriamente a qualidade de vida.


    ✅ A recuperação é possível

    Abandonar o uso da maconha pode transformar a vida. Os benefícios vão muito além da saúde física: a clareza mental aumenta, o humor melhora, e a pessoa passa a ter mais disposição e vontade de viver.

    Se você está em processo de recuperação e sente saudade da “sensação” que a maconha trazia, lembre-se do preço emocional, físico e relacional que você pagava enquanto usava.

    A liberdade que você está construindo agora é muito mais valiosa do que qualquer efeito momentâneo.


    Se você ou alguém próximo precisa de ajuda para lidar com o uso da maconha ou outras substâncias, não hesite em buscar apoio profissional. O caminho da recuperação é real — e começa com o primeiro passo.

    Jaqueline Peixoto de Lima Lopes

    https://terapeutaconecta.com.br/terapeuta/37

  • Quando a Cabeça Pesa: Ansiedade e Depressão na Caminhada da Recuperação

    Quando a Cabeça Pesa: Ansiedade e Depressão na Caminhada da Recuperação

    Quando a Cabeça Pesa: Ansiedade e Depressão na Caminhada da Recuperação

    Autora : Jaqueline Peixoto

    Ansiedade e depressão são desafios comuns durante a recuperação da dependência química. Descubra como lidar com esses sentimentos e seguir firme no processo de cura.


    Entendendo a Ansiedade e a Depressão na Recuperação

    Durante o tratamento da dependência química ou do alcoolismo, é comum que a mente passe por momentos intensos de instabilidade emocional. A interrupção do uso de substâncias pode desencadear sentimentos antes abafados, como tristeza profunda, medo, angústia e inquietação.

    Esse despertar emocional é parte natural do processo de cura. Ao deixar de usar drogas ou álcool, o cérebro começa a retomar suas funções de maneira mais clara — e isso pode causar desconforto.


    Como a Ansiedade se Manifesta na Recuperação

    A ansiedade na recuperação pode surgir de diversas formas, como:

    • Pensamentos acelerados e catastróficos
    • Medo constante de recaídas
    • Preocupações com o futuro
    • Sintomas físicos como tremores, suor excessivo, insônia e palpitações

    Esses sintomas são o reflexo de um sistema nervoso que está tentando se reequilibrar após um longo período de uso de substâncias.


    Sintomas de Depressão Após Parar com Substâncias

    Já a depressão na recuperação pode se manifestar com:

    • Falta de energia e desânimo
    • Perda do interesse por atividades diárias
    • Sentimentos de culpa ou inutilidade
    • Isolamento social e pensamentos negativos recorrentes

    É importante reforçar: isso não é sinal de fraqueza, mas sim um alerta de que o corpo e a mente estão em processo de readaptação.


    O Que Fazer Quando a Cabeça Pesa

    Lidar com a ansiedade e a depressão no processo de recuperação exige cuidados. Veja algumas ações que ajudam nesse caminho:

    1. Fale sobre seus sentimentos

    Converse com um terapeuta, conselheiro, ou alguém de confiança. O diálogo é um remédio poderoso.

    2. Evite o isolamento

    Participar de grupos de apoio ou rodas de conversa fortalece a autoestima e mostra que você não está sozinho.

    3. Aceite ajuda profissional

    Em alguns casos, pode ser necessário acompanhamento psiquiátrico e uso de medicação adequada para equilibrar a química cerebral.

    4. Cuide do corpo para cuidar da mente

    Hábitos simples como uma boa alimentação, sono regulado, exercícios leves e práticas de respiração ajudam no controle emocional.


    Recuperar-se Também É Aprender a Sentir

    Sentir tristeza ou medo faz parte da jornada. A recuperação emocional exige coragem e autocompaixão. Mais do que “se livrar” de substâncias, recuperar-se é reaprender a viver com autenticidade e presença.

    Lembre-se: não há vergonha em sentir. Vergonha é desistir. Você está em um processo de reconstrução — e isso é digno de orgulho.

    Autora : Jaqueline Peixoto https://terapeutaconecta.com.br/terapeuta/37

  • Dependência Química: Recaída e Percepção Psicanalítica

    Dependência Química: Recaída e Percepção Psicanalítica

    Dependência Química: Recaída e Percepção Psicanalítica

    Autora : Euzeni Matos -Psicanalista

    A dependência química é um transtorno complexo e multifatorial, que envolve aspectos biológicos, psicológicos, emocionais e sociais. Muitas vezes, mesmo após um período de abstinência, o indivíduo pode vivenciar a recaída, um momento delicado, mas também importante no processo de recuperação.

    Neste artigo, vamos explorar o que é a recaída, por que ela acontece e como a psicanálise pode ajudar nesse enfrentamento, com base em uma escuta profunda e na elaboração do sofrimento psíquico.


    O Que é Dependência Química?

    A dependência química é caracterizada pelo uso compulsivo de substâncias psicoativas, mesmo diante de consequências negativas. A pessoa perde o controle sobre o uso, priorizando a substância em detrimento da saúde, das relações e da vida profissional.

    Esse comportamento é geralmente sustentado por um sofrimento psíquico profundo, traumas mal elaborados e dificuldades emocionais não simbolizadas.


    Recaída na Dependência Química: É Fracasso?

    Não. A recaída não deve ser entendida como um fracasso. Pelo contrário, ela é um sinal importante de que ainda existem questões internas que precisam ser cuidadas.

    Em muitos casos, a recaída surge como uma tentativa do sujeito de aliviar angústias inconscientes, silenciar dores emocionais ou escapar de uma realidade difícil de enfrentar.


    Principais Fatores que Contribuem para a Recaída

    Diversos fatores podem levar uma pessoa à recaída no uso de substâncias. Conheça os principais:

    • Estresse, ansiedade e emoções intensas
    • Ambientes e pessoas ligadas ao passado de uso
    • Conflitos familiares e afetivos
    • Sensação de vazio existencial
    • Crença equivocada de que já está “curado”
    • Resistência ao processo terapêutico
    • Traumas não elaborados

    Esses fatores atuam como gatilhos emocionais que reativam o desejo pela substância, muitas vezes sem que o sujeito perceba conscientemente.


    O Que Está Por Trás do Uso da Substância?

    Do ponto de vista psicanalítico, a substância pode funcionar como uma espécie de “muleta psíquica”. Ela é usada para calar uma dor que não tem nome, para preencher vazios emocionais ou evitar entrar em contato com sentimentos difíceis.

    Em muitos casos, o uso está ligado à história de vida da pessoa: traumas na infância, ausência de suporte afetivo, vivências de abandono, ou relações familiares marcadas por falhas de escuta e acolhimento.


    O Papel da Psicanálise no Tratamento da Dependência Química

    O tratamento eficaz da dependência química vai muito além da abstinência. Envolve um processo profundo de reconstrução subjetiva, onde o sujeito é convidado a:

    • Olhar para sua história de vida
    • Compreender a origem do seu sofrimento
    • Fortalecer seu eu psíquico
    • Desenvolver novas formas de enfrentar as dores da existência

    A psicanálise oferece um espaço de escuta e elaboração, onde o indivíduo pode se implicar em sua própria transformação, construindo novas relações consigo mesmo e com o mundo.


    Recaída: Um Convite à Reflexão e ao Recomeço

    A recaída não representa o fim da linha. Ela é, muitas vezes, uma oportunidade valiosa de aprendizado, fortalecimento e recomeço. Sinaliza que algo precisa ser revisto, que há conteúdos emocionais ainda não elaborados.

    Aceitar a recaída como parte do processo é essencial para continuar o caminho da recuperação com mais consciência, acolhimento e suporte terapêutico.


    Considerações Finais

    A luta contra a dependência química exige paciência, apoio e um olhar profundo sobre si mesmo. Compreender o papel da recaída e buscar ajuda especializada, como a psicanálise, pode ser o diferencial para uma transformação real e duradoura.

    Se você ou alguém próximo enfrenta esse desafio, saiba que é possível reconstruir a vida com dignidade, autoconhecimento e apoio profissional.


    Palavras-chave utilizadas:

    • dependência química
    • recaída na dependência
    • tratamento psicanalítico
    • fatores da recaída
    • dor psíquica
    • escuta terapêutica

    Link da Autora do Artigo : https://terapeutaconecta.com.br/terapeuta/euzeni-matos

    Euzeni de Matos