Categoria: dependência química

  • Ansiedade e Dependência Química: Rompendo o Ciclo Vicioso

    Ansiedade e Dependência Química: Rompendo o Ciclo Vicioso

    Ansiedade e Dependência Química: Rompendo o Ciclo Vicioso

    Por Tarcísio Gonçalves Júnior – Assistente Social | Terapeuta Conselheiro

    A ansiedade se apresenta como um adversário sorrateiro na vida de muitas pessoas, e seu impacto se intensifica para aqueles que enfrentam a desafiadora jornada da recuperação da dependência química. Não raro, a pressão emocional e o estresse atuam como gatilhos poderosos, impulsionando o indivíduo de volta ao refúgio ilusório das substâncias que tanto se esforça para evitar. Essa busca por alívio imediato, contudo, apenas alimenta um ciclo destrutivo de sofrimento e autodestruição.

    Para trilhar um caminho de libertação, torna-se imprescindível vencer os dogmas da ansiedade. Em vez de ceder à tentação de usar drogas ou álcool como uma válvula de escape para os sintomas ansiosos, a chave reside na adoção de estratégias de enfrentamento saudáveis e eficazes. A prática da mindfulness, por exemplo, emerge como uma ferramenta valiosa, capaz de ampliar a consciência do presente e diminuir a sensação opressora que a ansiedade frequentemente inflige.

    No contexto da recuperação da dependência, é fundamental internalizar que essa jornada é, antes de tudo, um processo. Isso implica ir além da simples abstinência das substâncias e construir um robusto conjunto de recursos emocionais. As terapias cognitivas, nesse sentido, desempenham um papel crucial ao auxiliar na reestruturação de padrões de pensamento negativos, atenuando o poder da ansiedade nas decisões do dia a dia.

    Adicionalmente, a construção de uma rede de apoio sólida – nutrida por amigos compreensivos, familiares engajados e grupos de apoio acolhedores – pode oferecer o amparo necessário nos momentos de maior vulnerabilidade. Ao transformarmos a nossa maneira de lidar com a ansiedade, abrimos a porta para uma redução significativa do risco de recaídas, pavimentando o caminho para uma existência mais plena e equilibrada, onde comportamentos autodestrutivos não encontram guarida. O verdadeiro triunfo reside em ressignificar nossas vivências e descobrir a força inerente que reside em cada um de nós.

  • Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

    Descubra a visão da psicanálise sobre a dependência química, explorando o desejo, a falta, o gozo e a repetição. Entenda como a análise pode auxiliar no tratamento.

    A dependência química e a psicanálise se encontram num ponto bastante profundo: o campo do desejo, da falta, do gozo e da repetição. A psicanálise não trata a dependência como uma simples falha moral ou um problema de autocontrole, mas como um sintoma — uma formação do inconsciente que carrega um sentido, uma tentativa de lidar com o sofrimento psíquico.

    Pontos de Encontro entre Psicanálise e Dependência Química

    1. O Sujeito e o Sintoma Para a psicanálise, especialmente na linha freudiana e lacaniana, a dependência química pode ser vista como um sintoma que diz algo do sujeito. O uso de substâncias não é apenas uma busca de prazer, mas uma forma de tentar tamponar um vazio, uma angústia, ou dar conta de algo que escapa à simbolização. A psicanálise busca entender a singularidade desse sintoma em cada indivíduo.

    2. A Repetição e o Circuito do Gozo O uso compulsivo de drogas está ligado ao conceito de repetição. Lacan fala do “gozo” como aquilo que vai além do princípio do prazer. Algo que machuca, mas que o sujeito busca, mesmo assim. A droga pode ocupar esse lugar de “objeto de gozo”, repetido para tentar calar a angústia, mas que não cessa de falhar, forçando o ciclo a recomeçar. A psicanálise investiga as raízes dessa repetição.

    3. O Papel do Outro Na dependência, muitas vezes há uma relação com um “Outro” (a droga, mas também figuras simbólicas, como pais, instituições) que estrutura a posição do sujeito. A psicanálise escuta esse laço — como o sujeito se organiza diante do desejo do Outro, da lei, da falta. Compreender essa dinâmica é crucial no processo de tratamento.

    4. Transferência e Tratamento Psicanalítico Na clínica psicanalítica, não se trata de “curar” o dependente químico, mas de possibilitar que ele fale — e, a partir da escuta, desloque o lugar da droga em sua vida. A relação transferencial (entre analista e analisando) pode ser o espaço onde o sujeito começa a reescrever sua história, simbolizar o que antes só era vivido como pura dor ou urgência. O tratamento através da fala e da escuta analítica oferece uma nova perspectiva para lidar com a dependência química.