Categoria: drogas

  • Compreensão, tratamento e caminho para recuperação

    Compreensão, tratamento e caminho para recuperação

    A dependência química é uma condição crónica e recorrente caracterizada pelo uso compulsivo de substâncias psicoativas, como drogas ou álcool, apesar das consequências negativas para a saúde, relações pessoais e vida social. Esta dependência pode envolver tanto substâncias lícitas (como o álcool e medicamentos controlados) quanto ilícitas (como cocaína e heroína), e afeta diretamente o sistema nervoso central, levando a alterações no comportamento, nas emoções e no raciocínio.

    Do ponto de vista biológico, a dependência está relacionada à modificação dos circuitos cerebrais responsáveis pela recompensa, pela motivação e pelo autocontrolo. O uso repetido de substâncias altera a libertação de neurotransmissores como a dopamina, criando uma sensação intensa de prazer, o que motiva a pessoa a buscar repetidamente a substância para experimentar esse efeito. Com o tempo, o cérebro passa a necessitar da droga para funcionar adequadamente, gerando a dependência física e psicológica.

    O tratamento da dependência química exige uma abordagem multidisciplinar, pois envolve não só aspetos físicos, mas também psicológicos e sociais. A primeira etapa costuma ser a desintoxicação, que consiste em interromper o uso da substância de forma segura, controlando os sintomas de abstinência. Esse processo pode exigir acompanhamento médico, especialmente para substâncias que causam dependência física severa.

    Além da desintoxicação, o tratamento inclui terapia psicológica, como a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a pessoa a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento que contribuem para o vício. Grupos de apoio baseados na programação dos 12 passos também desempenham um papel importante, proporcionando suporte emocional e social aos dependentes em recuperação.

    Autor do artigo: Jairo Telles

    Jairo Telles é Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química.

  • Os impactos do uso de álcool/Drogas em atletas de alta performance

    Os impactos do uso de álcool/Drogas em atletas de alta performance

    De acordo com diversos relatos históricos, a ligação entre os atletas e as drogas é bastante conhecida. Os atletas Olímpicos da Grécia Antiga utilizavam ervas e cogumelos com o intuito de melhorar sua performance atlética. O abuso de drogas por atletas na era moderna foi considerado um problema no início dos anos 50. O uso de estimulantes foi relatado nas Olimpíadas de Inverno de 1952, em Oslo, Noruega. Nos anos 60, vimos um aumento progressivo no abuso de drogas em eventos esportivos. O uso de anfetaminas estava envolvido na morte de diversos ciclistas na década de 60.

    Quando falamos em drogas também estamos falando de álcool.
    Abordar esse tema faz-se urgente numa sociedade que cada vez mais clama por prazer imediato, alívio da angústia, produtividade a qualquer custo em qualquer área de trabalho, sucesso profissional e pessoal e uma exigência constante de bem-estar e felicidade. Dentro desta linha de raciocínio, não nos parece tão contraditório associar o uso de substâncias químicas e ilícitas ao esporte, não é mesmo? Até porque sabemos que existem muitos casos de atletas que usaram drogas em algum momento da carreira profissional por diferentes motivos.

    A supervalorização de bons resultados, a competitividade extrema, o prestígio social, status, busca e manutenção de patrocinadores, tentativa de atingir as expectativas da sociedade de serem os “heróis” e a constante busca de resultados positivos e superação contínua incita os atletas a superarem seus próprios limites. Estes fatores muitas vezes fazem com que os atletas paguem qualquer preço para alcançarem o desempenho exigido, mesmo que precisem recorrer a substâncias ilícitas, fazendo com que os valores éticos do esporte sejam negligenciados, demonstrando que nem sempre a prática de esportes está associada a uma vida 100% saudável.

    O abuso de álcool e drogas provoca diversos males à saúde física e mental dos sujeitos e com os atletas não seria diferente. A alta performance é diretamente afetada por tais excessos. Inicialmente, algumas substâncias podem até melhorar a performance dos atletas, como o uso de anabolizantes, por exemplo, entretanto, os danos a médio e longo prazo são graves e acabam acarretando um declínio na carreira dos atletas, fazendo com que muitos deles precisem inclusive se afastar do esporte e até passarem por tratamentos especializados.

    Vários esportistas tentam se sobressair com o uso de drogas ou fármacos que melhoram suas habilidades. As drogas estimulantes são um grupo de drogas com características psicoativas que estimulam o sistema nervoso central e incluem as anfetaminas, cocaína, efedrina, entre outras que, no geral, aumentam o estado de alerta e concentração, melhoram a energia e a sensação de confiança. Entretanto, apresentam fatores adversos como aumento da pressão arterial, dores de cabeça, taquicardia, hipertermia, ansiedade, agitação, insônia, e as consequências podem ser piores dependendo da resposta do sujeito à droga, bem como as doses utilizadas.

    Mesmo que não seja proibido o uso de álcool por atletas, até por tratar-se de uma droga lícita, os prejuízos na saúde e na performance dos esportistas surgem de variadas maneiras. Atletas também consomem álcool no intuito de melhorar sua função psicológica, bem como para aliviar o estresse pré e pós-competição, entre outros motivos. O álcool é socialmente aceito e associado a momentos de lazer na nossa cultura atual, bem como incentivado como uma válvula de escape para alívio do estresse e busca de relaxamento em nossa sociedade.

    O uso de bebidas alcoólicas e, principalmente, o seu abuso afeta diretamente a performance dos atletas, comprometendo a velocidade, a força muscular, os reflexos, a capacidade respiratória, bem como o equilíbrio. Além disso, por ter efeito diurético, vitaminas e sais minerais importantes, como cálcio, zinco e magnésio, são eliminados do organismo com as constantes idas ao banheiro, após a ingestão de álcool. Sem contar o risco de desidratação, tal consumo também afeta o quesito hormonal, diminuindo os níveis de testosterona, outros hormônios e a síntese proteica. O álcool afeta a recuperação muscular de forma geral, bem como contribui para o ganho de peso dos atletas, já que a maioria das bebidas é excessivamente calórica. Muitos atletas também relatam o uso de maconha para diminuição do estresse, alívio da ansiedade e para ajudar na regulação do sono, evitando episódios de insônia e até irritabilidade. Outros relatam o uso de maconha para alívio de dores musculares pela sensação de relaxamento provocada por esta droga. Vale ressaltar que, quando falamos em maconha, é importante não confundirmos THC com CBD.

    THC, ou tetrahidrocanabinol, é o principal componente da planta da maconha e é um canabinóide com propriedades psicotrópicas e alucinógenas, capaz de causar dependência química nos usuários.
    Já o CBD (canabidiol) é uma substância extraída da planta Cannabis, que atua no sistema nervoso central e apresenta potencial terapêutico para o tratamento de doenças psiquiátricas ou neurodegenerativas, como esclerose múltipla, esquizofrenia, mal de Parkinson, epilepsia, ansiedade, entre outras, mas que deve ser comprada com prescrição médica.

    Independente do tipo de droga que abordamos ao longo do artigo, todas provocam prejuízos à saúde física e mental dos usuários. Com os atletas, podemos verificar o impacto na performance e na carreira, já que muitos acabam evoluindo para o desenvolvimento da dependência química, necessitando de tratamento especializado.

    Ao longo das últimas décadas, acompanhamos diversos atletas que tiveram problemas com drogas, como Diego Maradona, Walter Casagrande e Jon Jones, entre outros. No mundo da luta, temos alguns exemplos de atletas que também tiveram problemas com drogas e que hoje levam uma vida totalmente diferente, voltada para a saúde e dentro do caminho da recuperação, como o ex-lutador do UFC, bicampeão mundial e bicampeão Legends Grand Slam Abu Dhabi, Rafael Carino.

    Rafael começou usando maconha de forma recreativa aos 14 anos e, com o passar do tempo, experimentou outras drogas, como álcool, haxixe, LSD e cocaína, mas a maconha e o haxixe foram suas drogas de “escolha”. Em 1984, quando foi campeão brasileiro de jiu-jitsu, já com 21 anos, seu uso passou a ser diário. Segundo o próprio atleta relata, seu uso de maconha era para “relaxar” principalmente após os treinos. O que Rafael ainda não sabia na ocasião era que era portador de uma doença crônica e incurável, caracterizada principalmente pela compulsão e obsessão: a dependência química.

    Como esta doença é progressiva, Rafael aumentou ainda mais o uso de drogas até conhecer o skank (uma maconha produzida em laboratório com um efeito ainda mais devastador). A partir daí, a queda no seu rendimento como atleta de alta performance já estava visível, e esta queda durou alguns anos, principalmente em grandes competições. O abuso de drogas afetou de forma significativa seu condicionamento físico e sua concentração, afetando também seu estado emocional e mental de forma geral.

    Rafael relata que seu “fundo do poço” ocorreu na derrota pelo cinturão do Cage Rage, em 2005, em Londres, contra o lutador Pezão. Após este evento, Rafael decidiu procurar ajuda, ingressou na irmandade Narcóticos Anônimos e parou de usar todas as drogas, incluindo o álcool. Nesta trajetória de recuperação, o atleta já completou 15 anos de sobriedade. Atualmente, atua na área de álcool e drogas como terapeuta, pois em 2021 decidiu fazer o Curso de Aconselhamento em Dependência Química.

    Rafael acredita que ao falar da sua história neste artigo e levar a mensagem de recuperação em outros espaços, poderá ajudar muitos atletas e pessoas no geral a procurarem ajuda, independentemente dos julgamentos que possam vir a sofrer.

    Rafael aproveita a oportunidade para mandar um recado para todas as pessoas que usam alguma droga:
    “Repensem seus hábitos e, para quem nunca usou, continue sem experimentar, porque pode ser o passaporte para sua desgraça.”

    Assim, para prevenir o uso de drogas no esporte, não cabe somente aos atletas adotarem atitudes saudáveis e de prevenção, mas também a todas as pessoas que os rodeiam, como treinadores, médicos, patrocinadores, família, etc. É necessário conhecimento e maior divulgação das consequências do uso dessas substâncias psicotrópicas, enfatizando os problemas profissionais e patológicos adjuntos ao uso pelos atletas.

    Além disso, é importante a abordagem deste tema pela mídia, desmistificando o tabu USO DE DROGAS X ESPORTE, bem como ações de prevenção dentro das escolas, academias, centros de treinamento e grandes clubes.

    Autora do artigo: Renata Espínola de Carvalho

    Renata Espínola de Carvalho é Psicóloga Clínica e Esportiva, Coach Esportiva de Alta Performance, Especialista em Saúde Mental e Conselheira em Dependência Química.
    Insta: @renatacarvalhopsicologa
    Fonte: Robson Augusto revistalutas: (21) 98703-0365

  • Sete sinais da autossabotagem

    Sete sinais da autossabotagem

    A autossabotagem é um comportamento inconsciente que pode impedir ou retardar o progresso em direção aos nossos objetivos. Muitas vezes, esses comportamentos passam despercebidos, mas são frequentes nas tentativas de recuperação. Confira alguns dos sinais mais comuns:

    1. Procrastinação no Tratamento: Tentativas de recuperação feitas de maneira isolada, sem apoio profissional, geralmente falham. Procrastinar a busca por um tratamento eficaz é uma forma clássica de autossabotagem, prolongando a adicção e adiando o caminho para a abstinência.
    2. Participação Irregular nas Atividades de Recuperação: Muitas pessoas começam com empenho, mas perdem o ritmo com o tempo. A recuperação exige comprometimento contínuo, renovado diariamente. Cada dia é uma oportunidade de fortalecer a conscientização.
    3. Perfeccionismo: O perfeccionista idealiza uma recuperação sem falhas, onde tudo precisa ser perfeito — as sessões, o grupo, o próprio progresso. Quando algo sai diferente do esperado, há uma sensação de fracasso. A recuperação, no entanto, é um processo gradual, e esperar o “momento perfeito” só alimenta a procrastinação.
    4. Metas Irrealistas: Comparar o próprio progresso com o de outros mais avançados pode ser prejudicial. Respeitar o ritmo pessoal da recuperação é fundamental. Metas que não condizem com o momento atual acabam gerando frustração e desmotivação.
    5. Falta de Objetivos Claros: A ausência de metas específicas atrapalha o processo de recuperação. A jornada exige um planejamento bem definido, que inclua o tratamento da adicção, mas também a reparação dos danos causados pelo uso abusivo, como problemas familiares e sociais.
    6. Medo do Sucesso e do Fracasso: O desconhecido pode ser assustador. A sobriedade traz consigo novas responsabilidades e desafios, o que pode gerar medo de falhar. Às vezes, a pessoa se sabota porque teme as mudanças e prefere a zona de conforto da adicção, mesmo sabendo que ela traz mais problemas.
    7. Imaturidade Emocional: Assumir o controle da própria vida após a adicção é desafiador. As responsabilidades que antes eram delegadas a terceiros agora precisam ser gerenciadas de forma independente. Trabalho, família e relações sociais exigem maturidade emocional, e resistir a essa adaptação pode minar o progresso.

    Celebre cada pequena conquista! A recuperação é uma jornada que não acontece da noite para o dia. Ao refletir sobre comportamentos disfuncionais, como o perfeccionismo, você avança um passo de cada vez.

    Autor do artigo: Alcinir Pessanha

    Alcinir Pessanha é Terapeuta e Conselheiro dependência química.

    Site: https://terapeutaconecta.com.br/

  • Crise emocional e espiritual

    Crise emocional e espiritual

    CRISE EMOCIONAL E ESPIRITUAL

    É vital entendermos que, embora a doença em si seja uma questão externa que precisa de tratamento, nossas lutas com as doenças mentais e a forma como elas afetam a nossa recuperação são, de fato, “questões internas”. Precisamos fazer essa distinção para assegurar que não deixemos de procurar ajuda adicional, seja por causa do estigma presente em algumas salas de apoio, ou pela confusão sobre a relação entre doença mental e recuperação.

    Às vezes, o que experimentamos é uma consequência de uma condição física: quando estamos nos desintoxicando, por exemplo, as coisas podem ficar muito intensas. A maioria de nós, no início da recuperação, descobre que nos falta um “botão de volume” para as emoções: nosso humor oscila descontroladamente, nossas vidas parecem muito dramáticas e podemos ser assustadoramente impulsivos.

    As coisas se acalmam à medida que nos acostumamos com as nossas vidas e à medida que nossos corpos se adaptam a estarem limpos.

    Às vezes, parecemos insanos, mas precisamos de mais tempo. A “desintoxicação emocional” pode levar muito mais tempo do que a desintoxicação física, e há dias em que isso se torna realmente difícil.

    Podemos não estar convencidos de que irá passar, mas a confiança no programa pode nos dar esperança.

    Quando uma mudança súbita no nosso comportamento é notada por nós ou pelas pessoas que nos querem bem, vale a pena considerar se pode haver forças físicas em ação. O que realmente desejamos é uma cura para nossos sentimentos. Mas o que está acontecendo no nosso interior muitas vezes é o processo que vai nos trazer à luz. Às vezes, é apenas mau tempo em nossas cabeças e simplesmente precisamos esperar que passe.

    Esse tipo de crise pode ser assustador em sua intensidade, e às vezes, parece que só podemos distingui-la de outros tipos de dificuldades em retrospecto. Mesmo sendo intensa, ela é temporária, e aliviada pela superação ou pela vontade obstinada de persistir até a crise passar. “Passamos por uma experiência espiritual vital e somos modificados”, diz o Texto Básico. Podemos ser devolvidos à sanidade e vivermos vidas felizes e produtivas.

    Podemos precisar de novas ferramentas para continuar a construir a nossa casa. Isso não significa que estamos abandonando o trabalho que fizemos ou traindo nosso compromisso se, às vezes, precisarmos procurá-las em outro lugar.

    Alguns de nossos membros mais experientes compartilham que os momentos de mais profunda insanidade ocorrem quando nosso interior não corresponde ao nosso exterior; quando estamos fazendo coisas que vão contra nossas crenças, quando estamos, de um jeito ou de outro, vivendo uma mentira ou quando estamos em negação do que realmente está acontecendo ao nosso redor. A desconexão entre o que queremos, o que acreditamos e o que estamos fazendo é suficiente para fazer qualquer um se sentir insano e pode ser uma força poderosa para a recaída. Quando dizemos a alguém de confiança o que realmente está acontecendo, podemos começar a sentir um pouco de esperança novamente.

    A PRÁTICA DA RENDIÇÃO POR TODA A VIDA
    Nossa compreensão de rendição pode mudar ao longo do tempo, mas nossa necessidade dela não. No começo, a rendição pode ser somente uma questão de não usar drogas. Com o passar do tempo, começamos a ver outras formas de manifestação da rendição em nossas vidas. Tornamo-nos dispostos a entregar outros comportamentos, às vezes, um por um. Passamos a entender que usar qualquer substância ou comportamento é apenas um sintoma de nosso problema, que é de natureza espiritual.

    Gradualmente, começamos a abrir mão das coisas que nos levam a agir: negação, raiva, ressentimento, necessidade de ter razão, sentimentos de superioridade ou inferioridade, vergonha, remorso e medo.

    À medida que nossa compreensão do Primeiro Passo aumenta, rendemo-nos mais profundamente. Nossa confiança cresce e tornamo-nos um pouco mais dispostos a abrir mão desses padrões de pensamento e sentimento. Podemos perceber mais áreas de nossas vidas em que ainda nos apegamos à ilusão do controle. Raramente a rendição parece atrativa no começo, mas leva cada vez menos tempo para percebermos quando e como estamos agindo de maneira ineficaz. No início, só conseguimos abrir mão quando estávamos completamente derrotados, mas essa tolerância ao sofrimento diminui conforme nos recuperamos.

    À medida que adquirimos mais experiência com a esperança e a melhora que surgem através da rendição, podemos reconhecê-la como uma maneira de nos reconectar com a realidade. A transição do pensamento de que nos rendemos à nossa doença para a percepção de que podemos nos render à nossa recuperação é, por si só, um despertar espiritual.

    Mudar nossa percepção é como enxergar o mundo com novos olhos. A rendição é uma mudança de perspectiva. A honestidade pode transformar nossa visão: ela nos abre para a verdade.

    Nossa fé em um Poder Superior cresce através de nossa experiência, oferecendo a oportunidade de vermos nossas vidas por uma perspectiva diferente. À medida que ganhamos experiência, não nos sentimos mais tão vulneráveis por agir de acordo com nossas crenças. Começamos a confiar que o resultado de abrir mão não será uma calamidade. O resultado de uma série de despertares espirituais é uma fé sólida.

    Entretanto, o medo é um sentimento natural. A questão é como lidamos com ele. Os Passos Três e Onze nos permitem convidar um Poder Superior amoroso a participar de nossas decisões, e o Passo Dez nos ajuda a examinar a nós mesmos enquanto seguimos em frente. Frequentemente, somos os últimos a reconhecer nosso próprio crescimento. Quando vemos outros membros se recuperando e suas vidas melhorando, somos lembrados de que o mesmo está acontecendo conosco.

    À medida que nossa consciência se aprofunda, continuamos a descobrir áreas de nossas vidas que precisam de trabalho. À medida que mudamos, ajustamo-nos. E, enquanto nos ajustamos, nosso equilíbrio se altera e mudamos um pouco mais. A sensação de que sabemos tudo é frequentemente seguida pela percepção de que não sabemos nada. Esse sentimento de impotência pode ser valioso, pois nos permite aprender mais sobre rendição.

    Uma das dádivas da recuperação é o retorno de nosso senso de humor. Ele vai e vem, claro, mas quando o perdemos, é um ótimo sinal de que podemos nos beneficiar de uma mudança de perspectiva.

    O humor que encontramos nas histórias uns dos outros é uma maneira de sabermos que estamos no lugar certo. O que nos faz rir tende a mudar à medida que crescemos. O sofrimento dos outros já não nos distrai tanto e somos mais capazes de ver o lado mais leve das situações difíceis. Qual seria a sua, hoje?

    (Baseado no livro “Viver Limpo: A Jornada Continua”, NA)

     

     Autor do artigo: Alcinir Pessanha

    Alcinir Pessanha é Terapeuta e Conselheiro dependência química.

    Site: https://terapeutaconecta.com.br/