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  • Dependência Química: Quando o Corpo Fala o Que a Alma Cala

    Dependência Química: Quando o Corpo Fala o Que a Alma Cala

    Dependência Química: Quando o Corpo Fala o Que a Alma Cala

    Euzeni de Matos – Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga e Psicanalista Clínica

    A dependência química é muito mais do que o uso frequente de drogas. Trata-se de um fenômeno complexo, muitas vezes invisível aos olhos, que revela sofrimentos profundos, dores emocionais e histórias que o corpo acaba expressando quando a alma silencia.

    Neste artigo, vamos entender o que é dependência química, quais são seus fatores, como a psicanálise enxerga essa condição e por que o tratamento exige acolhimento e escuta qualificada.


    O Que É Dependência Química?

    A dependência química é uma condição caracterizada pelo uso compulsivo de substâncias psicoativas, como:

    • Álcool
    • Cocaína
    • Maconha
    • Crack
    • Outras drogas lícitas ou ilícitas

    Mesmo diante de consequências negativas — como problemas de saúde, rupturas familiares ou dificuldades no trabalho — a pessoa não consegue interromper o uso. A substância passa a ocupar o centro da vida, interferindo diretamente no funcionamento físico, emocional e social.


    Entre o Prazer e a Dor: A Origem do Uso

    O primeiro contato com a substância pode ocorrer por diversos motivos:
    ➡️ Curiosidade
    ➡️ Pressão social
    ➡️ Busca por prazer
    ➡️ Desejo de pertencimento

    Com o tempo, o uso passa a cumprir uma função emocional: aliviar dores, angústias ou traumas psíquicos. Nesses casos, a droga se transforma em uma tentativa de silenciar o sofrimento interior — uma forma de lidar com o que não foi elaborado ou simbolizado.


    A Visão da Psicanálise Sobre a Dependência Química

    Sob o olhar da psicanálise, a dependência química é interpretada como uma forma de tamponar um vazio interno — um “furo” na estrutura psíquica. A substância atua como um objeto transicional, substituindo o que falta e ajudando o sujeito a lidar com algo que ainda não foi dito ou sentido.

    Ou seja, a droga aparece como um substituto simbólico para aquilo que não pode ser enfrentado conscientemente.


    Quais Fatores Podem Levar à Dependência Química?

    A dependência é multifatorial. Confira os principais fatores que podem estar envolvidos:

    🧬 Fatores Biológicos:

    • Predisposição genética
    • Alterações neuroquímicas no cérebro

    🧠 Fatores Psicológicos:

    • Experiências traumáticas
    • Transtornos mentais associados
    • Baixa autoestima e desamparo psíquico

    🌍 Fatores Sociais:

    • Exclusão social
    • Violência doméstica ou comunitária
    • Falta de vínculos afetivos e de suporte emocional

    É Possível Se Libertar da Dependência Química?

    Sim, é possível. Mas o processo exige um tratamento interdisciplinar, que envolva:

    • Acompanhamento médico e psiquiátrico
    • Psicoterapia (incluindo psicanálise)
    • Apoio social e familiar

    A psicanálise, em especial, oferece um espaço seguro para que a pessoa possa reconstruir sua história, dar novo sentido à dor e se reconectar com a vida — sem precisar da substância como apoio.


    A Importância de Uma Escuta Que Acolhe

    Tratar a dependência química não é repreender, e muito menos julgar. É acolher com empatia, entendendo que por trás do uso abusivo de substâncias, existe um sujeito tentando sobreviver.

    A dependência química não é uma falha de caráter. É um sintoma que precisa ser escutado com profundidade. É essencial oferecer um espaço terapêutico onde esse sofrimento possa ser elaborado e ressignificado.


    Conclusão: Cuidar da Alma Também É Parte do Tratamento

    Falar sobre dependência química é abrir espaço para compreender o sofrimento humano em sua totalidade. É reconhecer que, por trás de cada vício, existe uma história marcada por dor, perda, exclusão e tentativas de sobrevivência.

    A psicanálise permite que a pessoa encontre outras formas de lidar com o mal-estar, sem precisar recorrer à droga como muleta. Através da escuta, do acolhimento e do não julgamento, é possível promover uma verdadeira transformação.

    Mais do que tratar um vício, é preciso cuidar da alma.


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  • Comportamento Autodestrutivo e o Uso de Substâncias: Entenda os Riscos e Caminhos para a Recuperação

    Comportamento Autodestrutivo e o Uso de Substâncias: Entenda os Riscos e Caminhos para a Recuperação

    Comportamento Autodestrutivo e o Uso de Substâncias: Entenda os Riscos e Caminhos para a Recuperação

    O que é o comportamento autodestrutivo no uso de substâncias?

    Por Tarcísio Gonçalves Júnior – Assistente Social | Terapeuta Conselheiro

    O comportamento autodestrutivo relacionado ao uso de substâncias é uma realidade complexa que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Neste cenário, drogas lícitas e ilícitas são, muitas vezes, utilizadas como um mecanismo de escape de dores emocionais, traumas ou dificuldades da vida cotidiana.

    Embora possa parecer, inicialmente, uma solução temporária para aliviar o sofrimento, esse comportamento pode evoluir rapidamente para um ciclo de dependência química, trazendo consequências graves para a saúde física, mental e para os relacionamentos sociais e familiares.


    Como a dependência química afeta a saúde e a vida social?

    O uso contínuo de substâncias impacta diversos aspectos da vida:

    • Saúde física e mental: deterioração do corpo, distúrbios emocionais, ansiedade e depressão.
    • Relacionamentos interpessoais: conflitos familiares, isolamento, perda de vínculos afetivos.
    • Vida social e profissional: queda de produtividade, abandono de projetos pessoais e profissionais.

    Além disso, sentimentos como culpa e vergonha são comuns entre pessoas que enfrentam a dependência, o que contribui para um ciclo autodestrutivo difícil de romper sem apoio adequado.


    O uso de drogas como automedicação emocional

    Muitos indivíduos que recorrem ao uso abusivo de drogas estão, na verdade, tentando lidar com uma dor profunda. A automedicação pode ser entendida como um grito silencioso por ajuda.

    Nem sempre essas pessoas têm consciência do impacto devastador que esse comportamento provoca, tanto em suas próprias vidas quanto na vida daqueles ao seu redor. Por isso, é fundamental enxergar o comportamento autodestrutivo não como fraqueza, mas como uma forma mal-adaptada de lidar com o sofrimento emocional.


    O caminho da recuperação: apoio profissional e redes de acolhimento

    Para interromper o ciclo da dependência, o primeiro passo é reconhecer a necessidade de ajuda profissional. Psicólogos, terapeutas e grupos de apoio especializados são aliados essenciais nesse processo.

    Buscar apoio não é sinal de fraqueza, mas de coragem. A recuperação é possível e começa com o acolhimento, a escuta e o fortalecimento da identidade e autoestima do indivíduo.

    “Compreender que o comportamento autodestrutivo é uma forma de lidar com a dor pode ser o primeiro passo rumo à cura.”
    Tarcisio Gonçalves


    Conclusão

    O comportamento autodestrutivo relacionado ao uso de substâncias exige atenção, empatia e cuidado. A informação e o acesso a redes de apoio podem transformar vidas. Se você ou alguém próximo está passando por isso, saiba que ajuda existe e recuperar-se é possível.

  • Adicção: Entenda os Mecanismos da Dependência Química e Comportamental

    Adicção: Entenda os Mecanismos da Dependência Química e Comportamental

    Adicção: Entenda os Mecanismos da Dependência Química e Comportamental

    O que é Adicção?

    por Renata Jungmann – Terapeuta em Dependência Química

    A adicção, também conhecida como dependência, é um transtorno crônico e multifacetado, marcado por uma compulsão persistente por uma substância ou comportamento, mesmo diante de prejuízos graves à saúde física, emocional, social ou profissional.

    Embora tradicionalmente associada ao uso de substâncias químicas, a adicção também engloba comportamentos como jogos de azar, sexo, compras, uso excessivo de redes sociais, entre outros.


    1. Características Fundamentais da Adicção

    a) Compulsão

    A pessoa sente uma necessidade incontrolável de repetir o comportamento ou consumir a substância, mesmo que deseje parar.

    b) Perda de Controle

    A dificuldade de controlar a frequência, intensidade ou duração do comportamento é progressiva e contínua.

    c) Persistência Apesar dos Prejuízos

    Mesmo diante de danos evidentes — físicos, emocionais, sociais ou legais — o comportamento ou uso continua.

    d) Craving (Desejo Intenso)

    O desejo constante pela substância ou comportamento domina os pensamentos, prejudicando o humor, foco e tomadas de decisão.


    2. Tipos de Adicção

    a) Adicções Químicas

    Envolvem o uso de substâncias que afetam diretamente o cérebro:

    • Álcool
    • Nicotina
    • Cocaína
    • Heroína
    • Maconha
    • Medicamentos psicotrópicos

    Essas substâncias alteram o sistema de recompensa cerebral, especialmente no que diz respeito à liberação de dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer.

    b) Adicções Comportamentais

    Não envolvem substâncias químicas, mas ativam os mesmos circuitos de prazer e reforço cerebral:

    • Jogos de azar
    • Sexo e pornografia
    • Redes sociais e internet
    • Compras compulsivas
    • Alimentação compulsiva (açúcar, gordura, sal)
    • Workaholism (trabalho compulsivo)

    3. Bases Neurobiológicas da Adicção

    A adicção está diretamente relacionada à desregulação do sistema de recompensa do cérebro, principalmente nas áreas que liberam dopamina.

    Com o tempo:

    • O cérebro desenvolve tolerância, exigindo doses maiores ou estímulos mais frequentes para sentir o mesmo prazer.
    • A ausência da substância ou comportamento gera sintomas de abstinência, como irritabilidade, tristeza ou ansiedade intensa.

    4. Fatores que Contribuem para o Desenvolvimento da Adicção

    Diversos elementos influenciam o risco de desenvolver uma dependência:

    Fatores Genéticos

    Existe uma predisposição genética em muitos casos, especialmente quando há histórico familiar.

    Ambiente e Vivências

    • Abuso ou negligência na infância
    • Trauma psicológico
    • Pobreza ou violência
    • Estresse crônico

    Saúde Mental

    • Transtornos como: ansiedade, depressão, TDAH, transtorno de personalidade borderline, entre outros
    • A adicção pode funcionar como uma tentativa de automedicação desses estados psíquicos.

    Conclusão

    A adicção é mais do que uma escolha: é um transtorno cerebral complexo, com raízes biológicas, psicológicas e sociais. Entender seus mecanismos é o primeiro passo para prevenção, acolhimento e tratamento efetivo.

    Na Terapeuta Conecta, acreditamos em abordagens integradas e acessíveis para auxiliar quem enfrenta esse desafio. Se você ou alguém próximo está lidando com dependência, busque apoio especializado.


    Quer saber mais sobre como a terapia pode ajudar na dependência?

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  • Alcoolismo e Neuropedagogia: Um Olhar Integrado para Compreensão e Intervenção

    Alcoolismo e Neuropedagogia: Um Olhar Integrado para Compreensão e Intervenção

    Alcoolismo e Neuropedagogia: Um Olhar Integrado para Compreensão e Intervenção

    Euzeni de Matos Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga e Psicanalista Clínica, Terapeuta em Dependências Químicas.

    1. O que é o alcoolismo e como afeta o cérebro?

    O alcoolismo é classificado como um transtorno mental e comportamental, caracterizado pelo consumo compulsivo de álcool, mesmo diante de prejuízos significativos à saúde e à vida social.

    O uso abusivo de álcool afeta diretamente o funcionamento cerebral, comprometendo habilidades como a memória, a atenção, o julgamento crítico e o controle emocional. Além dos impactos físicos, essas alterações comprometem o processo de aprendizagem e o comportamento adaptativo.


    2. Efeitos do álcool no cérebro: uma visão neurocientífica

    Do ponto de vista da neurociência, o álcool interfere nas funções de regiões cruciais do cérebro, como:

    • Córtex pré-frontal – responsável por decisões e autocontrole;
    • Hipocampo – ligado à formação de novas memórias;
    • Sistema límbico – associado às emoções.

    O consumo crônico pode levar a síndromes graves, como a Síndrome de Wernicke-Korsakoff, gerando perdas cognitivas irreversíveis e dificultando a reabilitação do indivíduo.


    3. Como a neuropedagogia contribui para entender os efeitos do álcool

    A neuropedagogia estuda como o cérebro aprende e como as experiências podem afetar esse processo. No contexto do alcoolismo, o comprometimento neurológico dificulta:

    • A aquisição de novos conhecimentos;
    • A autorregulação emocional e comportamental;
    • A motivação para a mudança de hábitos.

    Compreender esses bloqueios é essencial para adaptar práticas pedagógicas e terapêuticas mais eficazes.


    4. Estratégias de prevenção e intervenção baseadas na neuropedagogia

    A prevenção ao alcoolismo pode se beneficiar de intervenções educativas que desenvolvam:

    • Educação emocional;
    • Resiliência;
    • Pensamento crítico e tomada de decisão consciente.

    Já em contextos terapêuticos, abordagens neuropedagógicas permitem trabalhar a motivação, reabilitar funções cognitivas e promover a reconstrução da identidade pessoal. É uma forma de unir o cuidado pedagógico ao tratamento clínico.


    5. Conclusão: um caminho integrador para enfrentar o alcoolismo

    Ao unir ciência e humanização, a neuropedagogia oferece uma abordagem potente para compreender e intervir nos casos de alcoolismo. Profissionais da educação e da saúde mental, ao se apoiarem nesse conhecimento, podem atuar com mais profundidade na prevenção, acolhimento e tratamento de indivíduos em situação de vulnerabilidade diante do álcool.

  • Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

    Descubra a visão da psicanálise sobre a dependência química, explorando o desejo, a falta, o gozo e a repetição. Entenda como a análise pode auxiliar no tratamento.

    A dependência química e a psicanálise se encontram num ponto bastante profundo: o campo do desejo, da falta, do gozo e da repetição. A psicanálise não trata a dependência como uma simples falha moral ou um problema de autocontrole, mas como um sintoma — uma formação do inconsciente que carrega um sentido, uma tentativa de lidar com o sofrimento psíquico.

    Pontos de Encontro entre Psicanálise e Dependência Química

    1. O Sujeito e o Sintoma Para a psicanálise, especialmente na linha freudiana e lacaniana, a dependência química pode ser vista como um sintoma que diz algo do sujeito. O uso de substâncias não é apenas uma busca de prazer, mas uma forma de tentar tamponar um vazio, uma angústia, ou dar conta de algo que escapa à simbolização. A psicanálise busca entender a singularidade desse sintoma em cada indivíduo.

    2. A Repetição e o Circuito do Gozo O uso compulsivo de drogas está ligado ao conceito de repetição. Lacan fala do “gozo” como aquilo que vai além do princípio do prazer. Algo que machuca, mas que o sujeito busca, mesmo assim. A droga pode ocupar esse lugar de “objeto de gozo”, repetido para tentar calar a angústia, mas que não cessa de falhar, forçando o ciclo a recomeçar. A psicanálise investiga as raízes dessa repetição.

    3. O Papel do Outro Na dependência, muitas vezes há uma relação com um “Outro” (a droga, mas também figuras simbólicas, como pais, instituições) que estrutura a posição do sujeito. A psicanálise escuta esse laço — como o sujeito se organiza diante do desejo do Outro, da lei, da falta. Compreender essa dinâmica é crucial no processo de tratamento.

    4. Transferência e Tratamento Psicanalítico Na clínica psicanalítica, não se trata de “curar” o dependente químico, mas de possibilitar que ele fale — e, a partir da escuta, desloque o lugar da droga em sua vida. A relação transferencial (entre analista e analisando) pode ser o espaço onde o sujeito começa a reescrever sua história, simbolizar o que antes só era vivido como pura dor ou urgência. O tratamento através da fala e da escuta analítica oferece uma nova perspectiva para lidar com a dependência química.