Por que é tão difícil aceitar a doença da adicção?
Por Marcelle Caroline Azevedo – Psicóloga Clínica | CRP 11/517 – Psicanalista, Terapeuta em Dependência Química
Compreendendo a dificuldade de aceitar a dependência química
Aceitar o diagnóstico da adicção (ou dependência química) não é simples — é, na maioria das vezes, um processo doloroso e desafiador. Enfrentar essa realidade significa abrir mão de diversos aspectos que são, culturalmente, vistos como sinônimos de prazer, sucesso ou liberdade.
Festas, prazeres momentâneos, o desejo de sempre ter razão, relações amorosas instáveis, a necessidade de perdoar rapidamente, mostrar-se compreensiva o tempo todo, trabalhar em excesso, manter relacionamentos a qualquer custo… Tudo isso pode fazer parte de um estilo de vida que mascara sofrimentos internos. E talvez o ponto mais delicado: abrir mão do aparente controle sobre a própria vida.
O autoengano como mecanismo de defesa
Essa renúncia interna não acontece de imediato. Muitas pessoas em processo de tratamento tentam justificar seus comportamentos com frases como:
“Eu só uso socialmente”
“Consumo em pequenas quantidades”
“Estou no controle”
Mesmo durante a reabilitação, ainda pode haver resistência em reconhecer o quanto o vício afeta sua saúde mental, emocional e relacional. Esse autoengano é um dos maiores obstáculos no caminho da recuperação.
Adicção: aceitar é o primeiro passo para mudar
É comum tentar mascarar a tomada de consciência, principalmente quando a verdade dói. Mas aceitar a adicção como uma doença crônica, progressiva e tratável é um ato de coragem, lucidez e responsabilidade. Esse é o primeiro e mais importante passo rumo à recuperação integral.
A Relação Entre Saúde Mental e Dependência de Substâncias
Por Viviane Maria Maia Coelho – Psicanalista Clínica • SBPP2023365 – Prevenção e Tratamento do Uso de Drogas
Introdução
Vivemos em uma sociedade onde os desafios emocionais são cada vez mais presentes. Condições como ansiedade, depressão e estresse crônico afetam milhões de pessoas todos os anos.
Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com o uso abusivo de substâncias psicoativas, como álcool, tabaco, medicamentos e drogas ilícitas. Mas afinal: qual é a relação entre saúde mental e dependência de substâncias?
🧩 Saúde Mental: Um Pilar da Qualidade de Vida
A saúde mental influencia diretamente como pensamos, sentimos e agimos diante das adversidades do cotidiano. Transtornos como depressão, ansiedade e bipolaridade podem afetar profundamente o comportamento, e muitas vezes levam ao uso de substâncias como forma de alívio.
🚪 O Uso de Substâncias como Porta de Entrada
É comum que pessoas recorram a drogas ou álcool como uma tentativa de amenizar sintomas emocionais intensos:
Pessoas com ansiedade podem usar álcool para se acalmar;
Indivíduos com depressão buscam estimulantes para ganhar energia;
Pacientes com traumas recorrem a substâncias para “anestesiar” lembranças dolorosas.
Essa prática, apesar de parecer uma solução rápida, pode se transformar em um ciclo de dependência química, agravando o quadro de saúde mental.
🔁 Dependência Química: Causa ou Consequência?
A dependência de substâncias pode surgir como consequência de um transtorno mental, mas também pode provocar novos desequilíbrios psicológicos.
Por exemplo:
O uso contínuo de álcool está associado à depressão e prejuízos cognitivos;
Cocaína e crack podem desencadear surtos psicóticos e agressividade;
A abstinência de certas substâncias pode causar ansiedade generalizada e transtornos de humor.
⚖️ Duplo Diagnóstico: Quando Dois Problemas se Encontram
Quando o paciente apresenta simultaneamente um transtorno mental e dependência química, estamos diante de um duplo diagnóstico.
Esses casos exigem um tratamento mais completo, com:
Atendimento psiquiátrico e psicológico simultâneo;
Equipe multidisciplinar (psicólogos, médicos, terapeutas);
Suporte familiar e comunitário;
Participação em grupos terapêuticos e programas de reabilitação.
Tratar apenas uma parte do problema não é suficiente — é necessário olhar o indivíduo de forma integral.
🛡️ Prevenção e Cuidado Integrado: O Caminho Mais Eficaz
A prevenção começa com ações simples, mas poderosas:
Educação emocional desde cedo;
Escuta ativa e ambientes acolhedores;
Apoio psicossocial acessível e livre de estigmas;
Políticas públicas voltadas à saúde mental e combate às drogas.
É preciso investir em informação, empatia e acesso ao cuidado especializado.
Conclusão
A relação entre saúde mental e dependência de substâncias é profunda e complexa. Compreender essa conexão é fundamental para promover o cuidado adequado e evitar recaídas.
Ninguém escolhe estar em sofrimento. Por isso, é essencial oferecer escuta qualificada, acolhimento e tratamentos integrativos que respeitem o contexto de cada pessoa.
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Na Terapeuta Conecta, você encontra profissionais especializados em dependência química e saúde mental prontos para te ouvir e ajudar.
Explorando as Emoções: Sentimentos Humanos e Seus Significados
Alcinir Pessanha – Terapeuta em dependência química
As emoções humanas são elementos centrais da experiência de viver. Mais do que simples reações, elas são manifestações complexas, com funções psíquicas específicas e valores emocionais que impactam diretamente nossas ações, pensamentos e decisões.
Neste artigo, vamos explorar os principais sentimentos humanos, seus significados e como eles influenciam nossa saúde mental e nossas relações.
O que são emoções?
As emoções constituem um conjunto de reações internas que carregam significados profundos. Elas surgem a partir da interação entre o ambiente externo e nosso mundo interno. Cada emoção desempenha uma função vital, ajudando-nos a:
Interpretar experiências
Tomar decisões
Proteger-nos de ameaças
Criar vínculos afetivos
Principais emoções e seus significados
Tristeza
A tristeza geralmente é uma resposta natural à perda ou à insatisfação. Ela favorece momentos de introspecção, reflexão e reorganização interna. Embora desconfortável, pode ser um catalisador para mudanças importantes.
Ansiedade
Relacionada ao medo do futuro, a ansiedade age como um alerta. É uma emoção que prepara o corpo para enfrentar desafios, mas, quando persistente, pode se tornar prejudicial e exigir atenção profissional.
Solidão
A solidão representa a sensação de desconexão. Quando prolongada, pode impactar a autoestima e favorecer quadros de depressão. No entanto, momentos de solitude também podem ser valiosos para o autoconhecimento.
Raiva
A raiva surge frente a frustrações ou injustiças. Embora malvista, ela pode ser saudável quando canalizada para estabelecer limites e promover mudanças necessárias em situações injustas.
Desesperança
A desesperança aparece quando perdemos a fé em melhorias futuras. É comum após experiências de fracasso ou trauma e pode indicar quadros de depressão que exigem intervenção terapêutica.
Alegria
A alegria é uma emoção associada à celebração e à motivação. Ela está ligada a conquistas, vínculos afetivos e experiências positivas. É uma força que impulsiona nosso bem-estar.
Ambivalência
Ambivalência é a presença de sentimentos opostos diante da mesma situação. Essa emoção revela a complexidade dos afetos humanos, especialmente em decisões difíceis ou relacionamentos conflituosos.
Ciúme e ressentimento
Apesar de parecidos, têm origens distintas:
Ciúme: medo de perder algo ou alguém valorizado.
Ressentimento: acúmulo de frustrações e injustiças não resolvidas.
Pensamentos e emoções: qual a diferença?
É fundamental distinguir pensamentos de emoções.
Pensamentos são construções cognitivas, crenças ou interpretações.
Emoções são reações internas ligadas a esses pensamentos.
Exemplo: Pensamento: “Sou um fracasso” → Emoção: tristeza Emoção: solidão → Pensamento: “Ninguém se importa comigo”
Esse ciclo entre pensamento e emoção é o foco de diversas abordagens terapêuticas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Psicanálise.
A importância da inteligência emocional
Desenvolver inteligência emocional é essencial para:
Reconhecer emoções em si e nos outros
Expressar sentimentos de forma saudável
Evitar reações impulsivas
Melhorar relações pessoais e profissionais
Ignorar ou reprimir emoções pode gerar distúrbios emocionais, dificuldades de relacionamento e adoecimento psicológico.
Conclusão: por que entender nossas emoções?
Compreender as emoções humanas é um passo fundamental no caminho do autoconhecimento e do equilíbrio emocional. Quando damos atenção aos sentimentos, podemos:
Melhorar nossa qualidade de vida
Estabelecer vínculos mais saudáveis
Desenvolver empatia e escuta ativa
Enfrentar desafios com mais resiliência
A equipe do Terapeuta Conecta acredita que cuidar da saúde emocional é tão importante quanto cuidar do corpo. Por isso, incentivamos o acolhimento das emoções e a busca por apoio psicológico sempre que necessário.
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Dependência Química: Quando o Corpo Fala o Que a Alma Cala
Euzeni de Matos – Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga e Psicanalista Clínica
A dependência química é muito mais do que o uso frequente de drogas. Trata-se de um fenômeno complexo, muitas vezes invisível aos olhos, que revela sofrimentos profundos, dores emocionais e histórias que o corpo acaba expressando quando a alma silencia.
Neste artigo, vamos entender o que é dependência química, quais são seus fatores, como a psicanálise enxerga essa condição e por que o tratamento exige acolhimento e escuta qualificada.
O Que É Dependência Química?
A dependência química é uma condição caracterizada pelo uso compulsivo de substâncias psicoativas, como:
Álcool
Cocaína
Maconha
Crack
Outras drogas lícitas ou ilícitas
Mesmo diante de consequências negativas — como problemas de saúde, rupturas familiares ou dificuldades no trabalho — a pessoa não consegue interromper o uso. A substância passa a ocupar o centro da vida, interferindo diretamente no funcionamento físico, emocional e social.
Entre o Prazer e a Dor: A Origem do Uso
O primeiro contato com a substância pode ocorrer por diversos motivos: ➡️ Curiosidade ➡️ Pressão social ➡️ Busca por prazer ➡️ Desejo de pertencimento
Com o tempo, o uso passa a cumprir uma função emocional: aliviar dores, angústias ou traumas psíquicos. Nesses casos, a droga se transforma em uma tentativa de silenciar o sofrimento interior — uma forma de lidar com o que não foi elaborado ou simbolizado.
A Visão da Psicanálise Sobre a Dependência Química
Sob o olhar da psicanálise, a dependência química é interpretada como uma forma de tamponar um vazio interno — um “furo” na estrutura psíquica. A substância atua como um objeto transicional, substituindo o que falta e ajudando o sujeito a lidar com algo que ainda não foi dito ou sentido.
Ou seja, a droga aparece como um substituto simbólico para aquilo que não pode ser enfrentado conscientemente.
Quais Fatores Podem Levar à Dependência Química?
A dependência é multifatorial. Confira os principais fatores que podem estar envolvidos:
🧬 Fatores Biológicos:
Predisposição genética
Alterações neuroquímicas no cérebro
🧠 Fatores Psicológicos:
Experiências traumáticas
Transtornos mentais associados
Baixa autoestima e desamparo psíquico
🌍 Fatores Sociais:
Exclusão social
Violência doméstica ou comunitária
Falta de vínculos afetivos e de suporte emocional
É Possível Se Libertar da Dependência Química?
Sim, é possível. Mas o processo exige um tratamento interdisciplinar, que envolva:
Acompanhamento médico e psiquiátrico
Psicoterapia (incluindo psicanálise)
Apoio social e familiar
A psicanálise, em especial, oferece um espaço seguro para que a pessoa possa reconstruir sua história, dar novo sentido à dor e se reconectar com a vida — sem precisar da substância como apoio.
A Importância de Uma Escuta Que Acolhe
Tratar a dependência química não é repreender, e muito menos julgar. É acolher com empatia, entendendo que por trás do uso abusivo de substâncias, existe um sujeito tentando sobreviver.
A dependência química não é uma falha de caráter. É um sintoma que precisa ser escutado com profundidade. É essencial oferecer um espaço terapêutico onde esse sofrimento possa ser elaborado e ressignificado.
Conclusão: Cuidar da Alma Também É Parte do Tratamento
Falar sobre dependência química é abrir espaço para compreender o sofrimento humano em sua totalidade. É reconhecer que, por trás de cada vício, existe uma história marcada por dor, perda, exclusão e tentativas de sobrevivência.
A psicanálise permite que a pessoa encontre outras formas de lidar com o mal-estar, sem precisar recorrer à droga como muleta. Através da escuta, do acolhimento e do não julgamento, é possível promover uma verdadeira transformação.
Mais do que tratar um vício, é preciso cuidar da alma.
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Adicção: Entenda os Mecanismos da Dependência Química e Comportamental
O que é Adicção?
por Renata Jungmann – Terapeuta em Dependência Química
A adicção, também conhecida como dependência, é um transtorno crônico e multifacetado, marcado por uma compulsão persistente por uma substância ou comportamento, mesmo diante de prejuízos graves à saúde física, emocional, social ou profissional.
Embora tradicionalmente associada ao uso de substâncias químicas, a adicção também engloba comportamentos como jogos de azar, sexo, compras, uso excessivo de redes sociais, entre outros.
1. Características Fundamentais da Adicção
a) Compulsão
A pessoa sente uma necessidade incontrolável de repetir o comportamento ou consumir a substância, mesmo que deseje parar.
b) Perda de Controle
A dificuldade de controlar a frequência, intensidade ou duração do comportamento é progressiva e contínua.
c) Persistência Apesar dos Prejuízos
Mesmo diante de danos evidentes — físicos, emocionais, sociais ou legais — o comportamento ou uso continua.
d) Craving (Desejo Intenso)
O desejo constante pela substância ou comportamento domina os pensamentos, prejudicando o humor, foco e tomadas de decisão.
2. Tipos de Adicção
a) Adicções Químicas
Envolvem o uso de substâncias que afetam diretamente o cérebro:
Álcool
Nicotina
Cocaína
Heroína
Maconha
Medicamentos psicotrópicos
Essas substâncias alteram o sistema de recompensa cerebral, especialmente no que diz respeito à liberação de dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer.
b) Adicções Comportamentais
Não envolvem substâncias químicas, mas ativam os mesmos circuitos de prazer e reforço cerebral:
Jogos de azar
Sexo e pornografia
Redes sociais e internet
Compras compulsivas
Alimentação compulsiva (açúcar, gordura, sal)
Workaholism (trabalho compulsivo)
3. Bases Neurobiológicas da Adicção
A adicção está diretamente relacionada à desregulação do sistema de recompensa do cérebro, principalmente nas áreas que liberam dopamina.
Com o tempo:
O cérebro desenvolve tolerância, exigindo doses maiores ou estímulos mais frequentes para sentir o mesmo prazer.
A ausência da substância ou comportamento gera sintomas de abstinência, como irritabilidade, tristeza ou ansiedade intensa.
4. Fatores que Contribuem para o Desenvolvimento da Adicção
Diversos elementos influenciam o risco de desenvolver uma dependência:
Fatores Genéticos
Existe uma predisposição genética em muitos casos, especialmente quando há histórico familiar.
Ambiente e Vivências
Abuso ou negligência na infância
Trauma psicológico
Pobreza ou violência
Estresse crônico
Saúde Mental
Transtornos como: ansiedade, depressão, TDAH, transtorno de personalidade borderline, entre outros
A adicção pode funcionar como uma tentativa de automedicação desses estados psíquicos.
Conclusão
A adicção é mais do que uma escolha: é um transtorno cerebral complexo, com raízes biológicas, psicológicas e sociais. Entender seus mecanismos é o primeiro passo para prevenção, acolhimento e tratamento efetivo.
Na Terapeuta Conecta, acreditamos em abordagens integradas e acessíveis para auxiliar quem enfrenta esse desafio. Se você ou alguém próximo está lidando com dependência, busque apoio especializado.
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