Categoria: Co-Dependência

  • Geração Z e o Risco de Transtornos por Uso de Substâncias: Um Olhar Detalhado

    Geração Z e o Risco de Transtornos por Uso de Substâncias: Um Olhar Detalhado

    Geração Z e o Risco de Transtornos por Uso de Substâncias: Um Olhar Detalhado

    Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

    A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre meados de 1995 e 2010, cresceu em um mundo drasticamente diferente das gerações anteriores. A hiperconectividade, a cultura digital e as mudanças sociais moldaram seus comportamentos de maneira única, incluindo a relação com o uso de substâncias e o risco de desenvolver Transtornos por Uso de Substâncias (TUS).

    Este artigo explora os fatores que tornam a Geração Z particularmente vulnerável ao TUS, suas consequências e os caminhos para prevenção e cuidado.

    Palavras-chave: Geração Z, Transtornos por Uso de Substâncias (TUS), saúde mental, redes sociais, uso de drogas, prevenção, dependência química, vape, álcool, maconha, saúde digital.

    Fatores que Aproximam a Geração Z do Risco de TUS

    Diversos fatores contribuem para o aumento do risco de TUS na Geração Z:

    1. Exposição Digital e Redes Sociais:
      • A Geração Z é a primeira geração verdadeiramente nativa digital. O fácil acesso a conteúdos online sobre drogas, a normalização do uso recreativo e os desafios virais nas redes sociais podem incentivar a experimentação e o uso de substâncias.
      • Influenciadores digitais, músicas e séries frequentemente abordam o uso de álcool, cannabis, vape e outras substâncias de forma romantizada, minimizando os riscos e glamourizando o comportamento.
    2. Saúde Mental e Pressão Social:
      • A Geração Z enfrenta altos índices de ansiedade, depressão e outros transtornos emocionais. As pressões sociais, acadêmicas e o culto à performance nas redes sociais contribuem para esse cenário.
      • O uso de substâncias muitas vezes surge como uma forma de automedicação, uma tentativa de lidar com o sofrimento emocional.
    3. Mudança na Percepção de Risco:
      • Há uma tendência na Geração Z de perceber menor risco em substâncias como maconha e cigarro eletrônico (vape) em comparação com gerações anteriores.
      • A legalização da cannabis em alguns países pode contribuir para essa diminuição da percepção de perigo, embora a pesquisa científica continue a alertar sobre os riscos, especialmente para cérebros em desenvolvimento.
    4. Novos Padrões de Consumo:
      • A prevalência do vape, o uso de medicamentos controlados (como ansiolíticos e estimulantes) sem prescrição médica e a experimentação de drogas sintéticas têm aumentado entre os jovens da Geração Z.
      • Curiosamente, o consumo de álcool tem apresentado uma queda em algumas pesquisas, indicando uma busca por um estilo de vida mais “saudável” que, paradoxalmente, pode coexistir com o uso de outras substâncias.

    Consequências do Uso de Substâncias na Geração Z

    O uso de substâncias na Geração Z pode ter consequências graves e duradouras:

    • Aumento do Risco de Dependência: A exposição precoce e frequente ao uso de substâncias aumenta significativamente o risco de desenvolver dependência química.
    • Impacto no Desenvolvimento Cerebral: O cérebro da Geração Z ainda está em formação, especialmente as áreas responsáveis pelo controle de impulsos e tomada de decisões. O uso de substâncias nesse período é particularmente nocivo e pode causar danos irreversíveis.
    • Vulnerabilidade a Transtornos de Humor: Há uma maior vulnerabilidade a desenvolver transtornos de humor, como depressão e ansiedade, associados ao uso de substâncias.

    Caminhos para Prevenção e Cuidado

    Para enfrentar esse desafio, é fundamental adotar estratégias eficazes de prevenção e cuidado:

    • Educação Digital e Debate Crítico: Promover a educação digital e o desenvolvimento do pensamento crítico para que os jovens possam analisar e questionar o conteúdo que consomem nas redes sociais, identificando mensagens enganosas ou romantizadas sobre o uso de substâncias.
    • Atenção à Saúde Mental: Priorizar a saúde mental como forma de prevenir o uso abusivo de substâncias. Isso inclui o acesso facilitado a serviços de saúde mental, a promoção de ambientes de apoio e a redução do estigma em torno de transtornos mentais.
    • Políticas Públicas Específicas: Desenvolver e implementar políticas públicas voltadas para a Geração Z, considerando os novos padrões de consumo e uso de substâncias. Essas políticas devem incluir programas de prevenção baseados em evidências, tratamento acessível e eficaz, e estratégias de redução de danos.

    A Geração Z enfrenta desafios únicos em relação ao uso de substâncias. Compreender esses desafios e implementar estratégias eficazes de prevenção e cuidado é crucial para proteger a saúde e o bem-estar dessa geração e garantir um futuro mais saudável.

  • Por que a Codependência Materna é Mais Frequente do que a Paterna?

    Por que a Codependência Materna é Mais Frequente do que a Paterna?

    Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

    A codependência materna em relação ao dependente químico costuma ser mais intensa por diversos fatores emocionais, sociais e culturais. Neste artigo, vamos explorar as principais razões que tornam as mães mais propensas a desenvolver essa condição e como lidar com ela de maneira saudável.

    1. Ligacão Emocional Profunda

    Desde a gestação, a mãe cuida, protege e sente responsabilidade pelo bem-estar do filho. Quando ele se torna um dependente químico, essa sensação de responsabilidade aumenta, levando a tentativas constantes de “salvá-lo”. Esse vínculo afetivo torna mais difícil para a mãe impor limites.

    2. Papel Social da Maternidade

    Culturalmente, a maternidade é associada ao papel de cuidadora. Muitas mães sentem que precisam resolver os problemas dos filhos, mesmo que isso as prejudique emocionalmente, financeiramente e fisicamente. Esse comportamento reforça a codependência.

    3. Culpa e Sensação de Falha

    O sentimento de culpa é um dos grandes motores da codependência. Muitas mães acreditam que falharam na educação ou que poderiam ter evitado o vício do filho. Como forma de compensação, tentam estar sempre presentes e resolver os problemas dele.

    4. Dificuldade em Impor Limites

    A mãe codependente pode aceitar comportamentos destrutivos do filho, como manipulação, mentiras e agressões, acreditando que, ao ceder, está ajudando. O medo de piorar a situação ou perder o contato com o filho faz com que ela evite impor limites necessários.

    5. Medo da Perda e da Rejeição

    O medo de perder o filho para as drogas ou para a morte é um dos fatores que mantém a mãe em uma relação disfuncional. Muitas também temem ser rejeitadas, caso deixem de oferecer suporte irrestrito.

    6. Recompensas Emocionais Inconscientes

    Mesmo sofrendo, algumas mães sentem que sua vida tem propósito ao “ajudar” o filho. Esse ciclo de sacrifício e esperança alimenta a codependência, pois ela sente que ainda tem controle sobre a situação.

    7. Falta de Apoio Emocional e Psicológico

    Muitas mães não buscam ou não têm acesso a terapia e grupos de apoio como o Nar-Anon, o que as torna mais vulneráveis à codependência. A falta de informação e suporte dificulta a quebra desse padrão.


    Como Quebrar a Codependência?

    ✅ Buscar terapia para entender os próprios sentimentos e aprender a impor limites saudáveis.

    ✅ Participar de grupos de apoio para familiares de dependentes químicos.

    ✅ Compreender que ajudar não significa permitir comportamentos destrutivos.

    ✅ Focar no autocuidado, recuperando sua identidade e bem-estar.

    A codependência materna pode ser superada com informação, suporte e, principalmente, a consciência de que amor verdadeiro não é permitir que o outro se destrua, mas incentivá-lo a buscar ajuda.

  • O Impacto Oculto: Ansiedade e Depressão em Nossa Comunidade

    O Impacto Oculto: Ansiedade e Depressão em Nossa Comunidade

    Por Alcinir Pessanha – Terapeuta em dependência química

    A ansiedade e a depressão são desafios silenciosos que muitas pessoas enfrentam diariamente. Por trás de um simples sorriso, de uma gargalhada espontânea ou de uma postagem motivacional nas redes sociais, pode existir um ser humano que luta contra esses transtornos de maneira invisível. Infelizmente, essas condições podem ser fatais. Recentemente, nossa comunidade foi impactada por uma tragédia: um suicídio ocorrido em nosso condomínio. A dor e a tristeza tomaram conta de todos, deixando um alerta importante: como podemos ajudar aqueles que sofrem em silêncio?

    Conscientização sobre a Saúde Mental

    O primeiro passo para fazer a diferença é promover a conscientização sobre a saúde mental. Muitas vezes, pessoas que enfrentam ansiedade e depressão sentem-se isoladas e incompreendidas. Criar um ambiente seguro e acolhedor, onde elas possam compartilhar suas experiências sem medo de julgamento, é essencial.

    A Importância da Educação e do Diálogo

    Organizar palestras e workshops sobre saúde mental em nossa comunidade pode ser uma iniciativa poderosa. Convidar profissionais para abordar os sinais e sintomas desses transtornos ajuda a desmistificá-los e incentiva aqueles que sofrem a buscar ajuda. Quanto mais informados estivermos, mais preparados seremos para identificar e apoiar quem precisa.

    Espaços de Apoio e Conexão

    Criar grupos de apoio no condomínio pode fornecer um espaço seguro para as pessoas compartilharem seus sentimentos e experiências. Saber que não estão sozinhas e que há indivíduos dispostos a ouvir faz toda a diferença. Pequenos gestos de gentileza e atenção também podem ter um grande impacto. Um simples “como você está?” pode abrir portas para um diálogo transformador.

    Promoção do Bem-Estar

    Incentivar atividades que promovam o bem-estar físico e mental é uma excelente forma de prevenção e apoio. Práticas como ioga, meditação e exercícios físicos são comprovadamente eficazes na redução dos sintomas de ansiedade e depressão. Organizar essas atividades dentro da comunidade pode ser um recurso valioso para quem precisa.

    Rede de Apoio e Recursos

    Uma medida simples, mas fundamental, é disponibilizar uma lista de contatos de emergência com números de psicólogos, terapeutas e linhas diretas de apoio. Ter à mão informações sobre onde buscar ajuda pode salvar vidas.

    A Importância da Ajuda Profissional

    Por fim, é essencial reforçar a importância da busca por ajuda profissional. Terapia e aconselhamento são ferramentas poderosas para auxiliar no enfrentamento das dificuldades emocionais e psicológicas. Quanto mais normalizarmos o acesso a esses recursos, mais vidas poderemos transformar.

    Conclusão

    O momento que vivemos é um lembrete doloroso da necessidade de tratar a saúde mental com a seriedade que ela merece. Pequenas ações podem ter um grande impacto e salvar vidas. Vamos juntos criar um ambiente acolhedor e de apoio, onde todos se sintam seguros para compartilhar suas dores e buscar a ajuda necessária. Unidos, podemos transformar nossa comunidade em um lugar de esperança e compreensão.

  • A Importância da Psicoterapia no Tratamento da Dependência Química

    A Importância da Psicoterapia no Tratamento da Dependência Química

    Por Renata Carvalho, Psicóloga

    A dependência química é uma doença multifatorial caracterizada pelo uso descontrolado de uma ou mais substâncias que alteram o estado mental. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença crônica, progressiva e potencialmente fatal, esse transtorno mental é marcado por um conjunto de sinais e sintomas relacionados ao abuso de drogas.

    O dependente químico não consegue controlar o uso de substâncias, e isso afeta diretamente sua vida psíquica, emocional, física, profissional e, consequentemente, social. Substâncias que agem no sistema nervoso central, modificando a forma de pensar, agir ou sentir, são chamadas de substâncias psicoativas.

    A Necessidade de Tratamento

    A dependência química exige tratamento especializado. Em alguns casos, pode ser necessária a internação em clínicas especializadas com equipes multidisciplinares. Outras opções incluem atendimentos ambulatoriais, hospitais-dia, grupos de mútua ajuda como Narcóticos Anônimos e Alcoólicos Anônimos, além de tratamentos medicamentosos acompanhados por psiquiatras.

    Entretanto, uma ferramenta essencial e indispensável nesse processo é a psicoterapia.

    O Papel da Psicoterapia no Tratamento

    O acompanhamento psicológico é crucial em qualquer forma de tratamento para dependência química e em qualquer fase do processo. Além de ajudar a manter a estabilidade emocional do paciente, a psicoterapia oferece orientações para evitar comportamentos de risco e situações que podem levar à recaída.

    O psicólogo desempenha diversas funções nesse contexto, incluindo:

    • Acolhimento: Estabelecer vínculo e empatia com o paciente.
    • Conscientização: Ajudar o paciente a aceitar a doença e o tratamento.
    • Motivação: Estimular a vontade de recuperação e promover reflexões sobre o impacto do vício.
    • Estratégias de enfrentamento: Identificar gatilhos, prevenir recaídas e personalizar o tratamento, considerando as histórias e vulnerabilidades específicas de cada indivíduo.

    Além disso, o psicólogo ajuda o paciente a identificar suas potencialidades e oferece suporte no retorno à sociedade, orientando na criação de uma rotina saudável, que pode incluir práticas como atividade física, alimentação adequada e higiene do sono.

    Integração de Profissionais

    O trabalho psicoterapêutico frequentemente requer a integração de outros profissionais, como educadores físicos, nutricionistas e psiquiatras, especialmente quando o uso de medicação é necessário durante o tratamento.

    O Apoio à Família

    A família desempenha um papel importante no processo de recuperação, mas muitas vezes, está adoecida e co-dependente, podendo sabotar o tratamento de forma consciente ou inconsciente. Por isso, a orientação familiar é parte fundamental do trabalho de um terapeuta ou psicólogo especializado em dependência química.

    Reconstrução de Vida e Autonomia

    A psicoterapia é um apoio essencial para que o paciente consiga reconstruir sua vida. Esse processo inclui identificar e equilibrar emoções, resgatar e fortalecer a autoestima e a autoconfiança, superar crenças limitantes, e desenvolver ferramentas para lidar com impulsos e manter a sobriedade.

    De forma geral, o psicoterapeuta colabora com o paciente para construir um caminho de serenidade, qualidade de vida e uma nova forma de viver.

    Terapeuta Conecta: Conectando pessoas a profissionais qualificados para transformar vidas.

    Renata Carvalho Psicóloga e Terapeuta em dependência química