Categoria: Co-Dependência

  • Dependência Emocional

    Dependência Emocional

    Dependência Emocional

    Muitos terapeutas, até preparados, falam sobre este assunto tentando dar sentido a esse fenômeno psíquico, (preferi o termo fenômeno pois como este não consta como doença ou transtorno no Código Internacional de doenças (CID 10}, nem como doença ou transtorno, achei mais adequado.

    A grande questão sobre esse e diversos assuntos abordados por “especialistas” compreende um fenômeno, comum no cotidiano humano, particularmente na psiquiatria e áreas afins. Trata-se do Efeito Dunning-Kruger, que corresponde à sensação de achar que se sabe mais sobre um assunto do que realmente sabe. Na medicina é muito comum as pessoas discorrerem sobre alguma patologia sem a compreensão da anatomia, fisiologia e bioquímica do assunto em questão. Na psiquiatria esse efeito ocorre facilmente a medida que as bases científicas, em grande parte das situações mostra-se difícil de comprovação e, os profissionais, se limitam aos manuais estatísticos e classificatórios, deixando de lado cientistas que se voltaram à observação clínica fundamental em nossa área.

    Quantos se preocupam com os estudos de com os estudos de Arminda Aberastury, Melanie Klein e Sophie Morgenstern que foram fundamentais no estudo da infância, que deram inicio à compreensão do desenvolvimento humano dede a mais tenra idade, que foram que são imprescindíveis no estudo de patologias mentais, tão grandiosos como as avaliações genéticas, químicas e epigenéticas, sobre os conhecimentos nos debruçamos com intensa avidez. Como descartar a célebre frase de Donald Winnicott, “o primeiro espelho da criatura humana é o rosto da mãe”, que descreve a importância fundamental da mãe ou equivalente no desenvolvimento da identidade do ser humano, exultando a identificação especular formadora do nosso aparelho psíquico.

    As vivências de uma vida influenciam e reforçam as características apresentadas pelo dependente emocional, como: situações de invalidação, negligência, abandono, desvalorização, relações abusivas que começam na infância pelos cuidadores e posteriormente em relações construídas ao longo da vida e a consolidação de uma ideia de incapacidade que pode estar relacionada a familiares invasivos e superprotetores ou pessoas que se fazem indispensáveis e insubstituíveis na vida destas pessoas, levando a sensações de insuficiência, criando crenças de incapacidade e medo diante da vida.

    Fatores individuais podem representar um caráter de personalidade e de alguma forma nos fazem pensar em fatores genéticos. Incluem traços neurotizantes, baixa resistência ao estresse e a situações de rejeição e angústia de separação. Fatores esses ligados, possivelmente a fatores genéticos, já que se apresentam 30 a 50 % mais frequentes em gêmeos idênticos.

    São citados, frequentemente, quatro pilares psicológicos presentes nesse fenômeno psíquico que serviriam como base para a identificação dos indivíduos predispostos a apresentar essas características. A baixa autoestima levando a autoanulação; o medo da solidão e abandono; carência afetiva e padrões de insegurança ou apego excessivo. Estes “pilares” foram abordados durante nossa breve discussão.

    Podemos concluir que este tema está longe de ser totalmente esclarecido, necessitando uma abordagem criteriosa e aprofundada de seus fatores, para além de um conhecimento mais sólido, a estruturação de uma abordagem eficaz no auxílio dos que sofrem com essa estrutura psíquica.

    Autor : Dr. Guilherme Torres Psiquiatra CRM 52-50467-3

    https://terapeutaconecta.com.br/terapeuta/61

  • O impacto do uso abusivo de drogas no ambiente familiar

    O impacto do uso abusivo de drogas no ambiente familiar

    O impacto do uso abusivo de drogas no ambiente familiar

    Autora : Karol Alburquerque , Psicologa

    O uso abusivo de drogas não afeta apenas quem consome a substância — ele reverbera em toda a família. Muitas vezes, os familiares vivem em silêncio, sentindo medo, culpa e frustração, sem saber como lidar com a situação.

    Este artigo tem como objetivo trazer informação, acolhimento e reflexão, mostrando como a dependência química impacta os vínculos familiares e quais caminhos podem ser buscados para a recuperação e o fortalecimento das relações.


    Como a dependência química impacta a família

    Quando uma pessoa passa a usar drogas de forma abusiva, toda a rotina familiar se reorganiza ao redor dessa situação. Entre os efeitos mais comuns estão:

    • Codependência: familiares passam a viver em função do dependente, tentando controlar ou compensar seus comportamentos.
    • Comunicação prejudicada: sentimentos de medo, raiva ou vergonha podem dificultar o diálogo, gerando conflitos ou silêncios dolorosos.
    • Abalo da confiança: mentiras, promessas quebradas e comportamentos impulsivos desgastam vínculos afetivos.
    • Isolamento social: a família muitas vezes se afasta de amigos e redes de apoio, vivendo o sofrimento em segredo.

    👉 É fundamental reconhecer: o sofrimento é coletivo, e não apenas do indivíduo que usa a substância.


    Um olhar ampliado sobre a dependência química

    Para compreender a dependência química, é necessário observar toda a rede de relações em que o indivíduo está inserido. A família não é apenas coadjuvante: ela participa da cena, com suas próprias dores, medos e estratégias de enfrentamento.

    Essa perspectiva favorece:

    • A redução da culpa excessiva.
    • O reconhecimento das necessidades legítimas de cada membro da família.
    • A abertura para novas formas de se relacionar e lidar com o sofrimento.

    Caminhos de cuidado e recuperação

    Pesquisas científicas mostram que o tratamento é mais efetivo quando envolve a família. Alguns recursos disponíveis incluem:

    • Grupos de apoio: como Al-Anon e Amor-Exigente, que oferecem suporte emocional e estratégias práticas.
    • Psicoterapia individual e familiar: auxilia no manejo das emoções, no fortalecimento dos vínculos e na criação de limites saudáveis.
    • Programas de prevenção à recaída: promovem consciência sobre os gatilhos e fortalecem a autonomia do dependente.

    Além disso, pequenas ações do dia a dia podem gerar grandes mudanças:

    • Estabelecer horários regulares para refeições e atividades familiares.
    • Incentivar momentos de diálogo aberto e sem julgamentos.
    • Reservar tempo para o autocuidado de cada membro da família.

    Conclusão

    O uso abusivo de drogas transforma vidas e relações. Reconhecer esse impacto é o primeiro passo para buscar ajuda e reestruturar os vínculos familiares.

    Cada membro da família tem potencial de transformação: ao olhar para si e para sua forma de se relacionar, é possível criar caminhos mais saudáveis e um cotidiano mais leve.

    👉 Você não precisa enfrentar isso sozinho(a). Buscar ajuda profissional, participar de grupos de apoio e investir em autoconhecimento pode ser o início de uma mudança profunda — tanto para o dependente quanto para a família.


    Referências

    • American Psychiatric Association. (2014). DSM-5: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. Artmed.
    • Organização Mundial da Saúde (OMS). (2019). Global status report on alcohol and health. WHO.
    • United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC). (2023). World Drug Report 2023. United Nations publication.
    • Zimberg, S. (2010). Dependência Química: um estudo sobre família e tratamento. Casa do Psicólogo.

    Autora : Psicologa Karol Albuquerque CRP: 17/6027

    https://terapeutaconecta.com.br/terapeuta/97

  • O Poder do Apoio Familiar na Recuperação da Dependência Química.

    O Poder do Apoio Familiar na Recuperação da Dependência Química.

    O Poder do Apoio Familiar na Recuperação da Dependência Química.

    Autor: Psicologo Ailton Paulino dos Santos Júnior

    Hoje em dia, muitas pessoas acreditam que internar um ente querido em uma clínica ou comunidade terapêutica é a melhor solução. No entanto, ao longo do tempo em que trabalhei nesses espaços, percebi que cerca de 90% dos pacientes acabavam recaindo no uso de álcool e drogas. Muitos, inclusive, deixavam a clínica e, no mesmo dia, já procuravam a substância novamente.

    Essa realidade me fez refletir: o confinamento por longos períodos — de nove meses a um ano — não garante, por si só, a conscientização e transformação necessárias para uma mudança de vida. A recuperação não depende apenas do isolamento, mas principalmente de apoio, afeto e acompanhamento adequado.

    A presença ativa da família durante o tratamento faz toda a diferença. Quando o paciente sente que não está sozinho, que há alguém acreditando nele, o processo se torna mais leve, mais rápido e mais efetivo. O suporte familiar, aliado ao acompanhamento psicológico e psiquiátrico, fortalece a autoestima e a motivação para seguir em frente.

    É claro que há situações em que a internação é necessária, principalmente quando não há quem possa acompanhar o tratamento de perto ou quando o quadro clínico exige esse cuidado. Mas, sempre que possível, estar presente, cuidar com amor e atenção, é um ato de enorme valor.

    Falo isso com conhecimento de causa. Eu mesmo enfrentei a dependência do álcool e das drogas por muitos anos. Cheguei ao fundo do poço, perdi oportunidades, me afastei de pessoas importantes e quase me perdi de mim mesmo. Mas foi quando recebi o apoio verdadeiro da minha família que tudo começou a mudar. Eles não desistiram de mim. Estiveram ao meu lado nos momentos mais difíceis, mesmo quando eu já não acreditava em mim. Com esse suporte e com acompanhamento profissional, consegui me recuperar.

    Hoje estou limpo, fortalecido e com um propósito: ajudar outras pessoas que passam pelo mesmo desafio. Compartilho minha história porque acredito que ninguém precisa enfrentar isso sozinho — e porque eu sou prova viva de que a recuperação é possível.

    Vale lembrar que esse problema afeta toda a família, direta ou indiretamente. E para que o tratamento funcione, é essencial que o paciente tenha um forte desejo de mudar. Sem essa disposição interior, infelizmente, o processo pode se tornar apenas uma perda de tempo, energia e relações importantes.

    Por isso, se você está enfrentando a dependência química, olhe para além do efeito momentâneo da substância. Reflita sobre o que realmente tem valor em sua vida. Acredite: é possível parar, com força de vontade, responsabilidade e o apoio de quem te ama.

    Autor: Psicologo Ailton Paulino dos Santos Júnior

    https://terapeutaconecta.com.br/terapeuta/ailton-paulino-dos-santos-junior

  • Geração Z e o Risco de Transtornos por Uso de Substâncias: Um Olhar Detalhado

    Geração Z e o Risco de Transtornos por Uso de Substâncias: Um Olhar Detalhado

    Geração Z e o Risco de Transtornos por Uso de Substâncias: Um Olhar Detalhado

    Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

    A Geração Z, composta por indivíduos nascidos entre meados de 1995 e 2010, cresceu em um mundo drasticamente diferente das gerações anteriores. A hiperconectividade, a cultura digital e as mudanças sociais moldaram seus comportamentos de maneira única, incluindo a relação com o uso de substâncias e o risco de desenvolver Transtornos por Uso de Substâncias (TUS).

    Este artigo explora os fatores que tornam a Geração Z particularmente vulnerável ao TUS, suas consequências e os caminhos para prevenção e cuidado.

    Palavras-chave: Geração Z, Transtornos por Uso de Substâncias (TUS), saúde mental, redes sociais, uso de drogas, prevenção, dependência química, vape, álcool, maconha, saúde digital.

    Fatores que Aproximam a Geração Z do Risco de TUS

    Diversos fatores contribuem para o aumento do risco de TUS na Geração Z:

    1. Exposição Digital e Redes Sociais:
      • A Geração Z é a primeira geração verdadeiramente nativa digital. O fácil acesso a conteúdos online sobre drogas, a normalização do uso recreativo e os desafios virais nas redes sociais podem incentivar a experimentação e o uso de substâncias.
      • Influenciadores digitais, músicas e séries frequentemente abordam o uso de álcool, cannabis, vape e outras substâncias de forma romantizada, minimizando os riscos e glamourizando o comportamento.
    2. Saúde Mental e Pressão Social:
      • A Geração Z enfrenta altos índices de ansiedade, depressão e outros transtornos emocionais. As pressões sociais, acadêmicas e o culto à performance nas redes sociais contribuem para esse cenário.
      • O uso de substâncias muitas vezes surge como uma forma de automedicação, uma tentativa de lidar com o sofrimento emocional.
    3. Mudança na Percepção de Risco:
      • Há uma tendência na Geração Z de perceber menor risco em substâncias como maconha e cigarro eletrônico (vape) em comparação com gerações anteriores.
      • A legalização da cannabis em alguns países pode contribuir para essa diminuição da percepção de perigo, embora a pesquisa científica continue a alertar sobre os riscos, especialmente para cérebros em desenvolvimento.
    4. Novos Padrões de Consumo:
      • A prevalência do vape, o uso de medicamentos controlados (como ansiolíticos e estimulantes) sem prescrição médica e a experimentação de drogas sintéticas têm aumentado entre os jovens da Geração Z.
      • Curiosamente, o consumo de álcool tem apresentado uma queda em algumas pesquisas, indicando uma busca por um estilo de vida mais “saudável” que, paradoxalmente, pode coexistir com o uso de outras substâncias.

    Consequências do Uso de Substâncias na Geração Z

    O uso de substâncias na Geração Z pode ter consequências graves e duradouras:

    • Aumento do Risco de Dependência: A exposição precoce e frequente ao uso de substâncias aumenta significativamente o risco de desenvolver dependência química.
    • Impacto no Desenvolvimento Cerebral: O cérebro da Geração Z ainda está em formação, especialmente as áreas responsáveis pelo controle de impulsos e tomada de decisões. O uso de substâncias nesse período é particularmente nocivo e pode causar danos irreversíveis.
    • Vulnerabilidade a Transtornos de Humor: Há uma maior vulnerabilidade a desenvolver transtornos de humor, como depressão e ansiedade, associados ao uso de substâncias.

    Caminhos para Prevenção e Cuidado

    Para enfrentar esse desafio, é fundamental adotar estratégias eficazes de prevenção e cuidado:

    • Educação Digital e Debate Crítico: Promover a educação digital e o desenvolvimento do pensamento crítico para que os jovens possam analisar e questionar o conteúdo que consomem nas redes sociais, identificando mensagens enganosas ou romantizadas sobre o uso de substâncias.
    • Atenção à Saúde Mental: Priorizar a saúde mental como forma de prevenir o uso abusivo de substâncias. Isso inclui o acesso facilitado a serviços de saúde mental, a promoção de ambientes de apoio e a redução do estigma em torno de transtornos mentais.
    • Políticas Públicas Específicas: Desenvolver e implementar políticas públicas voltadas para a Geração Z, considerando os novos padrões de consumo e uso de substâncias. Essas políticas devem incluir programas de prevenção baseados em evidências, tratamento acessível e eficaz, e estratégias de redução de danos.

    A Geração Z enfrenta desafios únicos em relação ao uso de substâncias. Compreender esses desafios e implementar estratégias eficazes de prevenção e cuidado é crucial para proteger a saúde e o bem-estar dessa geração e garantir um futuro mais saudável.

  • Por que a Codependência Materna é Mais Frequente do que a Paterna?

    Por que a Codependência Materna é Mais Frequente do que a Paterna?

    Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

    A codependência materna em relação ao dependente químico costuma ser mais intensa por diversos fatores emocionais, sociais e culturais. Neste artigo, vamos explorar as principais razões que tornam as mães mais propensas a desenvolver essa condição e como lidar com ela de maneira saudável.

    1. Ligacão Emocional Profunda

    Desde a gestação, a mãe cuida, protege e sente responsabilidade pelo bem-estar do filho. Quando ele se torna um dependente químico, essa sensação de responsabilidade aumenta, levando a tentativas constantes de “salvá-lo”. Esse vínculo afetivo torna mais difícil para a mãe impor limites.

    2. Papel Social da Maternidade

    Culturalmente, a maternidade é associada ao papel de cuidadora. Muitas mães sentem que precisam resolver os problemas dos filhos, mesmo que isso as prejudique emocionalmente, financeiramente e fisicamente. Esse comportamento reforça a codependência.

    3. Culpa e Sensação de Falha

    O sentimento de culpa é um dos grandes motores da codependência. Muitas mães acreditam que falharam na educação ou que poderiam ter evitado o vício do filho. Como forma de compensação, tentam estar sempre presentes e resolver os problemas dele.

    4. Dificuldade em Impor Limites

    A mãe codependente pode aceitar comportamentos destrutivos do filho, como manipulação, mentiras e agressões, acreditando que, ao ceder, está ajudando. O medo de piorar a situação ou perder o contato com o filho faz com que ela evite impor limites necessários.

    5. Medo da Perda e da Rejeição

    O medo de perder o filho para as drogas ou para a morte é um dos fatores que mantém a mãe em uma relação disfuncional. Muitas também temem ser rejeitadas, caso deixem de oferecer suporte irrestrito.

    6. Recompensas Emocionais Inconscientes

    Mesmo sofrendo, algumas mães sentem que sua vida tem propósito ao “ajudar” o filho. Esse ciclo de sacrifício e esperança alimenta a codependência, pois ela sente que ainda tem controle sobre a situação.

    7. Falta de Apoio Emocional e Psicológico

    Muitas mães não buscam ou não têm acesso a terapia e grupos de apoio como o Nar-Anon, o que as torna mais vulneráveis à codependência. A falta de informação e suporte dificulta a quebra desse padrão.


    Como Quebrar a Codependência?

    ✅ Buscar terapia para entender os próprios sentimentos e aprender a impor limites saudáveis.

    ✅ Participar de grupos de apoio para familiares de dependentes químicos.

    ✅ Compreender que ajudar não significa permitir comportamentos destrutivos.

    ✅ Focar no autocuidado, recuperando sua identidade e bem-estar.

    A codependência materna pode ser superada com informação, suporte e, principalmente, a consciência de que amor verdadeiro não é permitir que o outro se destrua, mas incentivá-lo a buscar ajuda.