Categoria: recuperação

  • Alcoolismo e Neuropedagogia: Um Olhar Integrado para Compreensão e Intervenção

    Alcoolismo e Neuropedagogia: Um Olhar Integrado para Compreensão e Intervenção

    Alcoolismo e Neuropedagogia: Um Olhar Integrado para Compreensão e Intervenção

    Euzeni de Matos Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga e Psicanalista Clínica, Terapeuta em Dependências Químicas.

    1. O que é o alcoolismo e como afeta o cérebro?

    O alcoolismo é classificado como um transtorno mental e comportamental, caracterizado pelo consumo compulsivo de álcool, mesmo diante de prejuízos significativos à saúde e à vida social.

    O uso abusivo de álcool afeta diretamente o funcionamento cerebral, comprometendo habilidades como a memória, a atenção, o julgamento crítico e o controle emocional. Além dos impactos físicos, essas alterações comprometem o processo de aprendizagem e o comportamento adaptativo.


    2. Efeitos do álcool no cérebro: uma visão neurocientífica

    Do ponto de vista da neurociência, o álcool interfere nas funções de regiões cruciais do cérebro, como:

    • Córtex pré-frontal – responsável por decisões e autocontrole;
    • Hipocampo – ligado à formação de novas memórias;
    • Sistema límbico – associado às emoções.

    O consumo crônico pode levar a síndromes graves, como a Síndrome de Wernicke-Korsakoff, gerando perdas cognitivas irreversíveis e dificultando a reabilitação do indivíduo.


    3. Como a neuropedagogia contribui para entender os efeitos do álcool

    A neuropedagogia estuda como o cérebro aprende e como as experiências podem afetar esse processo. No contexto do alcoolismo, o comprometimento neurológico dificulta:

    • A aquisição de novos conhecimentos;
    • A autorregulação emocional e comportamental;
    • A motivação para a mudança de hábitos.

    Compreender esses bloqueios é essencial para adaptar práticas pedagógicas e terapêuticas mais eficazes.


    4. Estratégias de prevenção e intervenção baseadas na neuropedagogia

    A prevenção ao alcoolismo pode se beneficiar de intervenções educativas que desenvolvam:

    • Educação emocional;
    • Resiliência;
    • Pensamento crítico e tomada de decisão consciente.

    Já em contextos terapêuticos, abordagens neuropedagógicas permitem trabalhar a motivação, reabilitar funções cognitivas e promover a reconstrução da identidade pessoal. É uma forma de unir o cuidado pedagógico ao tratamento clínico.


    5. Conclusão: um caminho integrador para enfrentar o alcoolismo

    Ao unir ciência e humanização, a neuropedagogia oferece uma abordagem potente para compreender e intervir nos casos de alcoolismo. Profissionais da educação e da saúde mental, ao se apoiarem nesse conhecimento, podem atuar com mais profundidade na prevenção, acolhimento e tratamento de indivíduos em situação de vulnerabilidade diante do álcool.

  • Ansiedade e Dependência Química: Rompendo o Ciclo Vicioso

    Ansiedade e Dependência Química: Rompendo o Ciclo Vicioso

    Ansiedade e Dependência Química: Rompendo o Ciclo Vicioso

    Por Tarcísio Gonçalves Júnior – Assistente Social | Terapeuta Conselheiro

    A ansiedade se apresenta como um adversário sorrateiro na vida de muitas pessoas, e seu impacto se intensifica para aqueles que enfrentam a desafiadora jornada da recuperação da dependência química. Não raro, a pressão emocional e o estresse atuam como gatilhos poderosos, impulsionando o indivíduo de volta ao refúgio ilusório das substâncias que tanto se esforça para evitar. Essa busca por alívio imediato, contudo, apenas alimenta um ciclo destrutivo de sofrimento e autodestruição.

    Para trilhar um caminho de libertação, torna-se imprescindível vencer os dogmas da ansiedade. Em vez de ceder à tentação de usar drogas ou álcool como uma válvula de escape para os sintomas ansiosos, a chave reside na adoção de estratégias de enfrentamento saudáveis e eficazes. A prática da mindfulness, por exemplo, emerge como uma ferramenta valiosa, capaz de ampliar a consciência do presente e diminuir a sensação opressora que a ansiedade frequentemente inflige.

    No contexto da recuperação da dependência, é fundamental internalizar que essa jornada é, antes de tudo, um processo. Isso implica ir além da simples abstinência das substâncias e construir um robusto conjunto de recursos emocionais. As terapias cognitivas, nesse sentido, desempenham um papel crucial ao auxiliar na reestruturação de padrões de pensamento negativos, atenuando o poder da ansiedade nas decisões do dia a dia.

    Adicionalmente, a construção de uma rede de apoio sólida – nutrida por amigos compreensivos, familiares engajados e grupos de apoio acolhedores – pode oferecer o amparo necessário nos momentos de maior vulnerabilidade. Ao transformarmos a nossa maneira de lidar com a ansiedade, abrimos a porta para uma redução significativa do risco de recaídas, pavimentando o caminho para uma existência mais plena e equilibrada, onde comportamentos autodestrutivos não encontram guarida. O verdadeiro triunfo reside em ressignificar nossas vivências e descobrir a força inerente que reside em cada um de nós.

  • Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Dependência Química e Psicanálise: Uma Análise Profunda

    Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

    Descubra a visão da psicanálise sobre a dependência química, explorando o desejo, a falta, o gozo e a repetição. Entenda como a análise pode auxiliar no tratamento.

    A dependência química e a psicanálise se encontram num ponto bastante profundo: o campo do desejo, da falta, do gozo e da repetição. A psicanálise não trata a dependência como uma simples falha moral ou um problema de autocontrole, mas como um sintoma — uma formação do inconsciente que carrega um sentido, uma tentativa de lidar com o sofrimento psíquico.

    Pontos de Encontro entre Psicanálise e Dependência Química

    1. O Sujeito e o Sintoma Para a psicanálise, especialmente na linha freudiana e lacaniana, a dependência química pode ser vista como um sintoma que diz algo do sujeito. O uso de substâncias não é apenas uma busca de prazer, mas uma forma de tentar tamponar um vazio, uma angústia, ou dar conta de algo que escapa à simbolização. A psicanálise busca entender a singularidade desse sintoma em cada indivíduo.

    2. A Repetição e o Circuito do Gozo O uso compulsivo de drogas está ligado ao conceito de repetição. Lacan fala do “gozo” como aquilo que vai além do princípio do prazer. Algo que machuca, mas que o sujeito busca, mesmo assim. A droga pode ocupar esse lugar de “objeto de gozo”, repetido para tentar calar a angústia, mas que não cessa de falhar, forçando o ciclo a recomeçar. A psicanálise investiga as raízes dessa repetição.

    3. O Papel do Outro Na dependência, muitas vezes há uma relação com um “Outro” (a droga, mas também figuras simbólicas, como pais, instituições) que estrutura a posição do sujeito. A psicanálise escuta esse laço — como o sujeito se organiza diante do desejo do Outro, da lei, da falta. Compreender essa dinâmica é crucial no processo de tratamento.

    4. Transferência e Tratamento Psicanalítico Na clínica psicanalítica, não se trata de “curar” o dependente químico, mas de possibilitar que ele fale — e, a partir da escuta, desloque o lugar da droga em sua vida. A relação transferencial (entre analista e analisando) pode ser o espaço onde o sujeito começa a reescrever sua história, simbolizar o que antes só era vivido como pura dor ou urgência. O tratamento através da fala e da escuta analítica oferece uma nova perspectiva para lidar com a dependência química.

  • Alterações na Personalidade dos Dependentes Químicos

    Alterações na Personalidade dos Dependentes Químicos

    Alterações na Personalidade dos Dependentes Químicos

    Por Selma Binotti – Psicóloga

    O uso frequente de substâncias químicas traz consigo “padrões de comportamento” que alteram a percepção da realidade do indivíduo. Embora a personalidade de cada um permaneça única, alguns comportamentos são comuns entre os dependentes químicos.

    Alterações de personalidade comuns na dependência química:

    • Dificuldade de enfrentar sentimentos: O dependente químico frequentemente evita o contato com seus sentimentos, o que causa desconforto emocional significativo.
    • Distorção da realidade: O indivíduo tende a justificar seus momentos de excesso, atribuindo a causa a comportamentos de outras pessoas, em vez de reconhecer suas próprias ações e responsabilidades.
    • Intolerância à dor: A pessoa pode desenvolver baixa tolerância ao sofrimento, frustrações e desilusões, reagindo de forma descontrolada a situações adversas.
    • Manipulação: A manipulação se torna uma habilidade para conseguir o que deseja, principalmente a substância química, e pode vir acompanhada de negação, ameaças, barganhas e chantagem.
    • Satisfação imediata: A busca por satisfação imediata é uma característica comum, gerando angústia e ansiedade quando os desejos não são atendidos prontamente.
    • Inadequação: Dificuldades nas relações familiares, sociais e profissionais podem levar ao isolamento social e ao mal-estar em relação às outras pessoas.
    • Carência afetiva: O dependente químico pode apresentar uma necessidade constante de aceitação, hipersensibilidade a críticas, baixa autoconfiança, dependência afetiva e vitimização.
    • Onipotência: A sensação de invulnerabilidade e imortalidade pode levar o indivíduo a se expor a situações de risco, como overdose, brigas, agressões e problemas de saúde, que podem ser fatais.
    • Infantilidade: O uso de substâncias químicas pode causar um estacionamento emocional, distanciando a pessoa da realidade presente e dificultando o amadurecimento.
    • Compulsão: O desejo incontrolável de usar a substância aumenta a tolerância às drogas, exigindo doses cada vez maiores.
    • Depressão: A depressão, que causa alterações cerebrais e sentimentos negativos, pode dominar os pensamentos, levando o dependente químico a buscar alívio na droga.
    • Negação: A negação do problema é um obstáculo significativo na recuperação, presente tanto no usuário quanto em familiares, amigos e no ambiente de trabalho, que podem se tornar codependentes e encobrir os comportamentos inadequados.

    Recuperação e mudança de vida

    Apesar desses desafios, a retomada e a mudança de vida são possíveis. Com o apoio de profissionais capacitados e o desenvolvimento de novas habilidades sociais, o dependente químico pode alcançar uma boa qualidade de vida e encontrar novas perspectivas de sobriedade.

    O caminho da recuperação envolve muitos desafios, mas os ganhos em qualidade de vida são imensamente maiores.

  • Trabalho e Recuperação: Um Novo Começo é Possível!

    Trabalho e Recuperação: Um Novo Começo é Possível!

    Trabalho e Recuperação: Um Novo Começo é Possível!

    Você sabia que a recuperação da dependência química e o retorno ao mercado de trabalho estão intrinsecamente ligados? 💼✨

    Muitas empresas ainda têm receio de contratar profissionais que passaram por um processo de recuperação, seja por estigma ou falta de informação. Mas a verdade é que a recuperação traz consigo:

    • Resiliência: Superar a dependência química exige uma força e determinação admiráveis.
    • Disciplina: O tratamento e a manutenção da sobriedade desenvolvem disciplina e foco.
    • Comprometimento: A pessoa em recuperação aprende a valorizar suas responsabilidades e a se comprometer com seus objetivos.
    • Gratidão e Lealdade: A oportunidade de um novo começo é vista com enorme gratidão, o que se traduz em lealdade à empresa.

    Como as empresas veem o profissional em recuperação?

    A percepção das empresas em relação aos profissionais em recuperação está mudando, mas ainda enfrenta desafios. Embora muitos empregadores reconheçam o potencial de indivíduos que superaram a dependência, o estigma social e os receios relacionados à confiabilidade e produtividade ainda persistem. No entanto, há uma crescente conscientização de que a recuperação bem-sucedida pode resultar em funcionários altamente motivados e dedicados.

    Existem oportunidades para um novo recomeço?

    Sim! Existem oportunidades crescentes para profissionais em recuperação no mercado de trabalho. Programas de reinserção profissional, iniciativas de empresas socialmente responsáveis e o aumento da conscientização sobre os benefícios da contratação de pessoas em recuperação estão abrindo portas para um novo começo.

    O que pode ser feito para dar mais incentivo?

    Para incentivar a reinserção de dependentes químicos em recuperação no mercado de trabalho, podem ser adotadas as seguintes medidas:

    • Programas de inclusão: Criação de programas específicos para a reinserção de profissionais em recuperação, com acompanhamento e suporte.
    • Quebrar o estigma: Promoção da conscientização e do diálogo aberto sobre o tema, desmistificando preconceitos.
    • Valorizar as habilidades: Foco nas competências e no potencial do profissional, e não em seu passado.
    • Oferecer oportunidades: Abertura de portas para entrevistas e processos seletivos, dando o voto de confiança necessário.
    • Incentivos fiscais: Implementação de incentivos fiscais para empresas que contratam profissionais em recuperação.
    • Parcerias com instituições: Estabelecimento de parcerias entre empresas, centros de tratamento e organizações sociais para facilitar a reinserção.
    • Capacitação profissional: Oferecimento de cursos e treinamentos para aprimorar as habilidades dos profissionais em recuperação e aumentar sua empregabilidade.

    Projetos e iniciativas

    Existem diversos projetos e iniciativas que buscam facilitar a reinserção de dependentes químicos em recuperação no mercado de trabalho. Segue alguns exemplos:

    • Programas de Reintegração Profissional: Muitos centros de tratamento e organizações oferecem programas de reintegração que incluem orientação profissional, elaboração de currículos e encaminhamento para vagas de emprego.
    • Recuperando Vidas: Projeto do Governo do Estado de São Paulo que oferece tratamento para dependentes químicos e os encaminha para o mercado de trabalho.
    • Emprega Rede: A Secretaria de Desenvolvimento Social, Trabalho, Justiça e Direitos Humanos (SDSTJDH) do Rio Grande do Sul, em parceria com o SENAC-RS, oferece o projeto Emprega Rede, que visa qualificar e inserir dependentes químicos em recuperação no mercado de trabalho.

    Juntos, podemos construir um mercado de trabalho mais inclusivo e oferecer oportunidades para que todos possam recomeçar. 🙏

    Referências: