Categoria: tratamento

  • Jeremy, Pearl Jam e o Retrato do Bullying: Reflexões Sobre Seus Impactos Reais

    Jeremy, Pearl Jam e o Retrato do Bullying: Reflexões Sobre Seus Impactos Reais

    Lançada em 1991, a música Jeremy, da banda Pearl Jam, é um retrato intenso e poderoso do sofrimento enfrentado por muitos jovens que lidam com bullying e negligência. Inspirada na história real de Jeremy Wade Delle, um adolescente que tragicamente tirou a própria vida em uma sala de aula no Texas, a canção vai além de uma narrativa emocional. Ela nos provoca a refletir sobre os impactos profundos do bullying na vida de crianças e adolescentes e como essa experiência pode torná-los vulneráveis a comportamentos autodestrutivos, como o uso de drogas.

    Bullying e Seus Impactos Psicológicos

    O bullying, em suas diversas formas – verbal, físico ou virtual – deixa marcas profundas nas vítimas. Jovens que enfrentam essa violência frequentemente apresentam maior risco de desenvolver transtornos como:

    • Depressão e ansiedade: Sentimentos de isolamento e inferioridade são comuns.
    • Baixa autoestima: A crítica constante deteriora a visão que o jovem tem de si mesmo.
    • Tendências suicidas: Em casos extremos, o bullying pode levar ao desejo de tirar a própria vida.

    De acordo com estudos, a saúde mental das vítimas é comprometida de forma duradoura, podendo resultar na busca por alternativas inadequadas de alívio, como o consumo de álcool e drogas【11】【13】.

    O Caminho para Comportamentos de Risco

    Pesquisas revelam uma ligação clara entre o bullying e o aumento de comportamentos de risco. Para muitos adolescentes, as drogas se tornam:

    • Uma fuga emocional: Alívio temporário para dores profundas.
    • Uma tentativa de integração: Para se sentirem aceitos em grupos que também demonstram comportamentos problemáticos.

    A ausência de suporte familiar e escolar muitas vezes agrava o problema, criando um ciclo de isolamento e autodestruição que pode ter consequências de longo prazo【12】【13】.

    Vulnerabilidade e Consequências de Longo Prazo

    As cicatrizes deixadas pelo bullying não desaparecem facilmente. Jovens vitimizados tendem a:

    • Carregar traumas emocionais para a vida adulta.
    • Enfrentar dificuldades em construir relacionamentos saudáveis.
    • Apresentar desempenho acadêmico prejudicado.

    Além disso, a exposição prolongada ao estresse pode desencadear comportamentos antissociais, como agressividade e uso abusivo de substâncias psicoativas【12】【13】.

    Como Podemos Ajudar?

    1. Educação e Conscientização:
      Pais, professores e alunos devem entender os efeitos do bullying e aprender a intervir.
    2. Criação de Ambientes Seguros:
      Escolas e famílias precisam ser espaços de acolhimento, onde os jovens possam se expressar sem medo de julgamento.
    3. Apoio Psicológico:
      Terapia e intervenções precoces ajudam as vítimas a desenvolver estratégias saudáveis de enfrentamento, prevenindo comportamentos de risco.

    A história de Jeremy, embora trágica, é um chamado à ação. Ela nos lembra que, por meio da educação, do suporte e da empatia, podemos construir um futuro mais seguro para nossos jovens.

    Referências:

    • Weber, J. L. A., Levandowski, D. C., Lisboa, C. S. M. Bullying e uso de substâncias psicoativas na adolescência: uma revisão sistemática. SciELO【12】.
    • ADOLESCENTES ESCOLARES: ASSOCIAÇÃO ENTRE VIVÊNCIA DE BULLYING E CONSUMO DE ÁLCOOL/DROGAS. SciELO Brasil【13】.
    • Hemovich, V., Lac, A., & Crano, W. D. Understanding early-onset drug and alcohol outcomes among youth. Psychology of Addictive Behaviors, 2011【11】.

  • Entendendo a Dependência Química: Um Caminho para a Recuperação

    Entendendo a Dependência Química: Um Caminho para a Recuperação

    A dependência química é um tema que merece nossa atenção, pois se configura como um sério problema de saúde pública e uma questão constante na medicina psiquiátrica. A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o uso abusivo de drogas como uma doença crônica e recorrente, que afeta profundamente a vida dos indivíduos e suas famílias.

    De acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a dependência química apresenta uma variedade de sintomas que se manifestam tanto no comportamento quanto na cognição e no aspecto fisiológico das pessoas. Por ser uma condição tão complexa, é fundamental entendê-la como uma doença biopsicossocial, ou seja, que envolve aspectos biológicos, psicológicos e sociais.

    Para que o tratamento seja eficaz, é essencial que haja intervenções diversificadas, adaptadas às necessidades de cada indivíduo. Neste contexto, é importante destacar dois fatores que podem complicar o processo de recuperação: a baixa adesão ao tratamento e a falta de motivação. A vontade de mudar é um elemento-chave nessa jornada.

    Os dependentes químicos geralmente passam por diferentes estágios na sua trajetória de recuperação, que podem ser resumidos em quatro fases:

    Pré-contemplação: Nesta fase, não há interesse em mudar. O indivíduo pode não perceber que seu comportamento é problemático.

    Contemplação: Aqui, começa a surgir a consciência de que existe um problema. No entanto, a negação ainda é forte, e a pessoa pode hesitar em tomar uma atitude.

    Ação: Nesta etapa, o dependente começa a implementar mudanças efetivas em seu comportamento. Ele se dedica ao processo de recuperação e a adesão ao tratamento, o que frequentemente traz resultados positivos.

    Manutenção: Este é o momento crucial em que a pessoa se empenha em consolidar as mudanças feitas. O foco é melhorar seu comportamento, e isso exige um compromisso contínuo. Sem esse comprometimento, recaídas podem ocorrer.

    A manutenção do progresso é vital para garantir que o dependente químico consiga desfrutar de uma qualidade de vida satisfatória. Assim, o caminho para a recuperação é desafiador, mas possível, e cada passo deve ser valorizado.

    Apoiar o dependente químico em cada uma dessas fases não apenas favorece a recuperação, mas também promove um ambiente mais saudável e compreensivo. Vamos juntos ampliar a conscientização sobre essa questão tão importante e ajudar aqueles que precisam de apoio a encontrar o caminho para uma vida melhor.

    Claudio Bartolette

    Terapeuta em dependência química,

    Conselheiro e coordenador na FEBRATH

  • Compreensão, tratamento e caminho para recuperação

    Compreensão, tratamento e caminho para recuperação

    A dependência química é uma condição crónica e recorrente caracterizada pelo uso compulsivo de substâncias psicoativas, como drogas ou álcool, apesar das consequências negativas para a saúde, relações pessoais e vida social. Esta dependência pode envolver tanto substâncias lícitas (como o álcool e medicamentos controlados) quanto ilícitas (como cocaína e heroína), e afeta diretamente o sistema nervoso central, levando a alterações no comportamento, nas emoções e no raciocínio.

    Do ponto de vista biológico, a dependência está relacionada à modificação dos circuitos cerebrais responsáveis pela recompensa, pela motivação e pelo autocontrolo. O uso repetido de substâncias altera a libertação de neurotransmissores como a dopamina, criando uma sensação intensa de prazer, o que motiva a pessoa a buscar repetidamente a substância para experimentar esse efeito. Com o tempo, o cérebro passa a necessitar da droga para funcionar adequadamente, gerando a dependência física e psicológica.

    O tratamento da dependência química exige uma abordagem multidisciplinar, pois envolve não só aspetos físicos, mas também psicológicos e sociais. A primeira etapa costuma ser a desintoxicação, que consiste em interromper o uso da substância de forma segura, controlando os sintomas de abstinência. Esse processo pode exigir acompanhamento médico, especialmente para substâncias que causam dependência física severa.

    Além da desintoxicação, o tratamento inclui terapia psicológica, como a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a pessoa a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento que contribuem para o vício. Grupos de apoio baseados na programação dos 12 passos também desempenham um papel importante, proporcionando suporte emocional e social aos dependentes em recuperação.

    Autor do artigo: Jairo Telles

    Jairo Telles é Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química.

  • Dependência tecnológica

    Dependência tecnológica

    A dependência tecnológica é um problema cada vez mais comum na sociedade moderna, e é importante buscar o tratamento adequado para lidar com essa questão. Existem várias abordagens que podem ser úteis para superar a dependência tecnológica, sendo essencial encontrar aquela que melhor se adapta às necessidades individuais de cada pessoa.

    Uma opção de tratamento é a terapia cognitivo-comportamental, que pode ajudar a identificar padrões de pensamento e comportamento que contribuem para a dependência tecnológica. Com o auxílio de um terapeuta, a pessoa pode desenvolver habilidades para lidar com o uso excessivo da tecnologia e encontrar formas mais saudáveis de gerenciar o estresse e a ansiedade.

    Além disso, a terapia em grupo também pode ser uma opção eficaz, pois permite que as pessoas compartilhem suas experiências e se apoiem mutuamente na busca pela recuperação. O apoio de outros indivíduos que enfrentam desafios semelhantes pode ser muito motivador e encorajador.

    Outra abordagem importante é a criação de um plano de uso saudável da tecnologia, que envolve o estabelecimento de limites claros para o tempo gasto em dispositivos eletrônicos e a busca por atividades alternativas para ocupar o tempo livre. Isso pode incluir hobbies, exercícios físicos, leitura ou outras atividades que proporcionem prazer e satisfação.

    Também é fundamental buscar o apoio de profissionais de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras, que podem oferecer orientação e suporte especializado no tratamento da dependência tecnológica. Vale ressaltar que, em alguns casos, o uso de tratamento medicamentoso pode ser de extrema importância para indivíduos com esse transtorno.

    Em resumo, o tratamento da dependência tecnológica envolve uma abordagem multifacetada que combina terapia, apoio de grupos, criação de um plano de uso saudável da tecnologia e suporte de profissionais de saúde mental. Ao buscar ajuda e comprometer-se com o tratamento, é possível superar a dependência tecnológica e encontrar um equilíbrio saudável no uso da tecnologia.

    Referências:

    Autor do artigo:  Leandro de Andrade Neves

    Leandro de Andrade Neves

    Profissional pós-graduado em Dependência Tecnológica e Terapia Cognitivo-Comportamental.

  • Espiritualidade e dependência química

    Espiritualidade e dependência química

    “… o mundo atual vive uma crise do espírito, que desbanca o sentido da existência,
    abrindo espaço para que a pessoa humana adentre os próprios pórticos escuros das
    compensações com vícios e outras tantas dependências ilusórias a fim de amenizar a dor
    da existência machucada e sem sedimentação.”

    Autor: Dom Adair José Guimarães
    Bispo da Diocese de Formosa (GO)

    O Programa de 12 Passos

    “Viemos a acreditar que um Poder maior do que nós poderia devolver-nos à sanidade” (2º Passo) indica um Poder Superior, descrito na frase como ‘Poder maior do que nós’, ao qual os indivíduos que aderem ao programa devem inicialmente aceitar. Isso configura não um ato religioso, mas sim um ato de fé e espiritualidade, condições sine qua non para iniciar sua jornada de recuperação.

    A espiritualidade é definida como uma busca pessoal pela compreensão de questões fundamentais sobre a vida, o espírito, o significado da existência e sua dimensão não material, além da relação e conexão com o sagrado ou transcendental. Essa busca pode ser ou não baseada e mediada por uma religião ou tradição de uma comunidade.

    A influência da religiosidade/espiritualidade (R/E) no uso de substâncias é evidente. O modo como o indivíduo compreende o consumo de uma substância está permeado pelos valores e práticas de sua tradição. Escolher viver uma vida abstinente, não beber antes de rituais, fumar apenas durante rituais e utilizar enteógenos para a união com o divino demonstra uma visão dos efeitos espirituais da substância sobre o ser. O comprometimento religioso influencia as decisões e o estilo de vida da pessoa.

    Desde 1988, a Organização Mundial da Saúde (OMS) adotou a dimensão espiritual no conceito multidimensional de saúde, representada pelo conjunto de emoções e convicções de natureza não material e pela crença em algo maior na vida, para além da percepção e da compreensão.

    A R/E apresenta relações significativas com a prevenção ao uso de substâncias, com mudanças de comportamento, busca por tratamento e manutenção da abstinência em dependentes químicos. Estudos revelam que um elevado nível de religiosidade individual representa um fator de proteção ao uso de substâncias e está associado a um aumento do bem-estar psicológico e social.

    Pesquisas nacionais e internacionais recomendam avaliações da espiritualidade como parte integrante do atendimento em saúde mental e afirmam que tratamentos psiquiátricos e psicológicos integrados à espiritualidade podem ter maior aceitação entre pacientes religiosos.

    Considerações

    Para entender o que há por trás de um ser humano dependente — uma pessoa transtornada, transformada e controlada pelo vício e dependência — é preciso analisar e ‘reviver’ o que houve antes, considerando o que é necessário para haver um depois e poder emergir de tudo o que se passou. Isso é crucial para libertá-la das amarras que a congelam nessa situação e impedir que a arrastem para um lugar ainda mais inóspito.

    Acreditando que o imperativo de uma vida não se mede pelos valores deste mundo, entende-se que a cura da adição por drogas não é somente no nível do corpo, mas também (e principalmente, talvez) da alma, do espírito e do interior profundo da pessoa humana. Cada ser humano é uma unidade vinda do amor e para o amor; dessa forma, uma vida que volta à sobriedade é motivo de comemoração, esperança, fé e renova os sentimentos de que é possível para todos.

    De acordo com o mais famoso personagem de Antoine de Saint-Exupéry, O Pequeno Príncipe, “só se vê bem com o coração”. Para ter essa visão tão clara, limpa, sensível e honesta, é necessário praticar as virtudes e valores e lutar contra suas próprias fragilidades e vulnerabilidades: “vence quem se vence”.

    É necessário entender o motivo de todo o ódio, raiva e demais sentimentos nocivos que envenenam a alma humana, como a vaidade, e abraçar a humildade, dedicando-se verdadeiramente à aceitação, perdão e redenção, em busca do amor.

    “Deus, conceda-me serenidade para aceitar as coisas que eu não posso modificar,
    coragem para modificar aquelas que eu posso; e, sabedoria para reconhecer as
    diferenças

    Autora do artigo: Marcella Abdelhay

    Marcella Abdelhay – Terapeuta, pós-graduanda em Transtornos Aditivos pela PUC-Rio.