A dependência química é uma condição crónica e recorrente caracterizada pelo uso compulsivo de substâncias psicoativas, como drogas ou álcool, apesar das consequências negativas para a saúde, relações pessoais e vida social. Esta dependência pode envolver tanto substâncias lícitas (como o álcool e medicamentos controlados) quanto ilícitas (como cocaína e heroína), e afeta diretamente o sistema nervoso central, levando a alterações no comportamento, nas emoções e no raciocínio.
Do ponto de vista biológico, a dependência está relacionada à modificação dos circuitos cerebrais responsáveis pela recompensa, pela motivação e pelo autocontrolo. O uso repetido de substâncias altera a libertação de neurotransmissores como a dopamina, criando uma sensação intensa de prazer, o que motiva a pessoa a buscar repetidamente a substância para experimentar esse efeito. Com o tempo, o cérebro passa a necessitar da droga para funcionar adequadamente, gerando a dependência física e psicológica.
O tratamento da dependência química exige uma abordagem multidisciplinar, pois envolve não só aspetos físicos, mas também psicológicos e sociais. A primeira etapa costuma ser a desintoxicação, que consiste em interromper o uso da substância de forma segura, controlando os sintomas de abstinência. Esse processo pode exigir acompanhamento médico, especialmente para substâncias que causam dependência física severa.
Além da desintoxicação, o tratamento inclui terapia psicológica, como a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda a pessoa a identificar e modificar padrões de pensamento e comportamento que contribuem para o vício. Grupos de apoio baseados na programação dos 12 passos também desempenham um papel importante, proporcionando suporte emocional e social aos dependentes em recuperação.
Autor do artigo: Jairo Telles
Jairo Telles é Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química.
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