Por que é tão difícil aceitar a doença da adicção?
Por Marcelle Caroline Azevedo – Psicóloga Clínica | CRP 11/517 – Psicanalista, Terapeuta em Dependência Química
Compreendendo a dificuldade de aceitar a dependência química
Aceitar o diagnóstico da adicção (ou dependência química) não é simples — é, na maioria das vezes, um processo doloroso e desafiador. Enfrentar essa realidade significa abrir mão de diversos aspectos que são, culturalmente, vistos como sinônimos de prazer, sucesso ou liberdade.
Festas, prazeres momentâneos, o desejo de sempre ter razão, relações amorosas instáveis, a necessidade de perdoar rapidamente, mostrar-se compreensiva o tempo todo, trabalhar em excesso, manter relacionamentos a qualquer custo… Tudo isso pode fazer parte de um estilo de vida que mascara sofrimentos internos. E talvez o ponto mais delicado: abrir mão do aparente controle sobre a própria vida.
O autoengano como mecanismo de defesa
Essa renúncia interna não acontece de imediato. Muitas pessoas em processo de tratamento tentam justificar seus comportamentos com frases como:
“Eu só uso socialmente”
“Consumo em pequenas quantidades”
“Estou no controle”
Mesmo durante a reabilitação, ainda pode haver resistência em reconhecer o quanto o vício afeta sua saúde mental, emocional e relacional. Esse autoengano é um dos maiores obstáculos no caminho da recuperação.
Adicção: aceitar é o primeiro passo para mudar
É comum tentar mascarar a tomada de consciência, principalmente quando a verdade dói. Mas aceitar a adicção como uma doença crônica, progressiva e tratável é um ato de coragem, lucidez e responsabilidade. Esse é o primeiro e mais importante passo rumo à recuperação integral.
Explorando as Emoções: Sentimentos Humanos e Seus Significados
Alcinir Pessanha – Terapeuta em dependência química
As emoções humanas são elementos centrais da experiência de viver. Mais do que simples reações, elas são manifestações complexas, com funções psíquicas específicas e valores emocionais que impactam diretamente nossas ações, pensamentos e decisões.
Neste artigo, vamos explorar os principais sentimentos humanos, seus significados e como eles influenciam nossa saúde mental e nossas relações.
O que são emoções?
As emoções constituem um conjunto de reações internas que carregam significados profundos. Elas surgem a partir da interação entre o ambiente externo e nosso mundo interno. Cada emoção desempenha uma função vital, ajudando-nos a:
Interpretar experiências
Tomar decisões
Proteger-nos de ameaças
Criar vínculos afetivos
Principais emoções e seus significados
Tristeza
A tristeza geralmente é uma resposta natural à perda ou à insatisfação. Ela favorece momentos de introspecção, reflexão e reorganização interna. Embora desconfortável, pode ser um catalisador para mudanças importantes.
Ansiedade
Relacionada ao medo do futuro, a ansiedade age como um alerta. É uma emoção que prepara o corpo para enfrentar desafios, mas, quando persistente, pode se tornar prejudicial e exigir atenção profissional.
Solidão
A solidão representa a sensação de desconexão. Quando prolongada, pode impactar a autoestima e favorecer quadros de depressão. No entanto, momentos de solitude também podem ser valiosos para o autoconhecimento.
Raiva
A raiva surge frente a frustrações ou injustiças. Embora malvista, ela pode ser saudável quando canalizada para estabelecer limites e promover mudanças necessárias em situações injustas.
Desesperança
A desesperança aparece quando perdemos a fé em melhorias futuras. É comum após experiências de fracasso ou trauma e pode indicar quadros de depressão que exigem intervenção terapêutica.
Alegria
A alegria é uma emoção associada à celebração e à motivação. Ela está ligada a conquistas, vínculos afetivos e experiências positivas. É uma força que impulsiona nosso bem-estar.
Ambivalência
Ambivalência é a presença de sentimentos opostos diante da mesma situação. Essa emoção revela a complexidade dos afetos humanos, especialmente em decisões difíceis ou relacionamentos conflituosos.
Ciúme e ressentimento
Apesar de parecidos, têm origens distintas:
Ciúme: medo de perder algo ou alguém valorizado.
Ressentimento: acúmulo de frustrações e injustiças não resolvidas.
Pensamentos e emoções: qual a diferença?
É fundamental distinguir pensamentos de emoções.
Pensamentos são construções cognitivas, crenças ou interpretações.
Emoções são reações internas ligadas a esses pensamentos.
Exemplo: Pensamento: “Sou um fracasso” → Emoção: tristeza Emoção: solidão → Pensamento: “Ninguém se importa comigo”
Esse ciclo entre pensamento e emoção é o foco de diversas abordagens terapêuticas, como a Terapia Cognitivo-Comportamental e a Psicanálise.
A importância da inteligência emocional
Desenvolver inteligência emocional é essencial para:
Reconhecer emoções em si e nos outros
Expressar sentimentos de forma saudável
Evitar reações impulsivas
Melhorar relações pessoais e profissionais
Ignorar ou reprimir emoções pode gerar distúrbios emocionais, dificuldades de relacionamento e adoecimento psicológico.
Conclusão: por que entender nossas emoções?
Compreender as emoções humanas é um passo fundamental no caminho do autoconhecimento e do equilíbrio emocional. Quando damos atenção aos sentimentos, podemos:
Melhorar nossa qualidade de vida
Estabelecer vínculos mais saudáveis
Desenvolver empatia e escuta ativa
Enfrentar desafios com mais resiliência
A equipe do Terapeuta Conecta acredita que cuidar da saúde emocional é tão importante quanto cuidar do corpo. Por isso, incentivamos o acolhimento das emoções e a busca por apoio psicológico sempre que necessário.
📌 Buscando apoio emocional?
Na plataforma Terapeuta Conecta, você encontra profissionais prontos para te ouvir e te acompanhar no processo de autodescoberta e saúde emocional.
Comportamento Autodestrutivo e o Uso de Substâncias: Entenda os Riscos e Caminhos para a Recuperação
O que é o comportamento autodestrutivo no uso de substâncias?
Por Tarcísio Gonçalves Júnior – Assistente Social | Terapeuta Conselheiro
O comportamento autodestrutivo relacionado ao uso de substâncias é uma realidade complexa que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo. Neste cenário, drogas lícitas e ilícitas são, muitas vezes, utilizadas como um mecanismo de escape de dores emocionais, traumas ou dificuldades da vida cotidiana.
Embora possa parecer, inicialmente, uma solução temporária para aliviar o sofrimento, esse comportamento pode evoluir rapidamente para um ciclo de dependência química, trazendo consequências graves para a saúde física, mental e para os relacionamentos sociais e familiares.
Como a dependência química afeta a saúde e a vida social?
O uso contínuo de substâncias impacta diversos aspectos da vida:
Saúde física e mental: deterioração do corpo, distúrbios emocionais, ansiedade e depressão.
Relacionamentos interpessoais: conflitos familiares, isolamento, perda de vínculos afetivos.
Vida social e profissional: queda de produtividade, abandono de projetos pessoais e profissionais.
Além disso, sentimentos como culpa e vergonha são comuns entre pessoas que enfrentam a dependência, o que contribui para um ciclo autodestrutivo difícil de romper sem apoio adequado.
O uso de drogas como automedicação emocional
Muitos indivíduos que recorrem ao uso abusivo de drogas estão, na verdade, tentando lidar com uma dor profunda. A automedicação pode ser entendida como um grito silencioso por ajuda.
Nem sempre essas pessoas têm consciência do impacto devastador que esse comportamento provoca, tanto em suas próprias vidas quanto na vida daqueles ao seu redor. Por isso, é fundamental enxergar o comportamento autodestrutivo não como fraqueza, mas como uma forma mal-adaptada de lidar com o sofrimento emocional.
O caminho da recuperação: apoio profissional e redes de acolhimento
Para interromper o ciclo da dependência, o primeiro passo é reconhecer a necessidade de ajuda profissional. Psicólogos, terapeutas e grupos de apoio especializados são aliados essenciais nesse processo.
Buscar apoio não é sinal de fraqueza, mas de coragem. A recuperação é possível e começa com o acolhimento, a escuta e o fortalecimento da identidade e autoestima do indivíduo.
“Compreender que o comportamento autodestrutivo é uma forma de lidar com a dor pode ser o primeiro passo rumo à cura.” — Tarcisio Gonçalves
Conclusão
O comportamento autodestrutivo relacionado ao uso de substâncias exige atenção, empatia e cuidado. A informação e o acesso a redes de apoio podem transformar vidas. Se você ou alguém próximo está passando por isso, saiba que ajuda existe e recuperar-se é possível.
Adicção: Entenda os Mecanismos da Dependência Química e Comportamental
O que é Adicção?
por Renata Jungmann – Terapeuta em Dependência Química
A adicção, também conhecida como dependência, é um transtorno crônico e multifacetado, marcado por uma compulsão persistente por uma substância ou comportamento, mesmo diante de prejuízos graves à saúde física, emocional, social ou profissional.
Embora tradicionalmente associada ao uso de substâncias químicas, a adicção também engloba comportamentos como jogos de azar, sexo, compras, uso excessivo de redes sociais, entre outros.
1. Características Fundamentais da Adicção
a) Compulsão
A pessoa sente uma necessidade incontrolável de repetir o comportamento ou consumir a substância, mesmo que deseje parar.
b) Perda de Controle
A dificuldade de controlar a frequência, intensidade ou duração do comportamento é progressiva e contínua.
c) Persistência Apesar dos Prejuízos
Mesmo diante de danos evidentes — físicos, emocionais, sociais ou legais — o comportamento ou uso continua.
d) Craving (Desejo Intenso)
O desejo constante pela substância ou comportamento domina os pensamentos, prejudicando o humor, foco e tomadas de decisão.
2. Tipos de Adicção
a) Adicções Químicas
Envolvem o uso de substâncias que afetam diretamente o cérebro:
Álcool
Nicotina
Cocaína
Heroína
Maconha
Medicamentos psicotrópicos
Essas substâncias alteram o sistema de recompensa cerebral, especialmente no que diz respeito à liberação de dopamina, neurotransmissor ligado ao prazer.
b) Adicções Comportamentais
Não envolvem substâncias químicas, mas ativam os mesmos circuitos de prazer e reforço cerebral:
Jogos de azar
Sexo e pornografia
Redes sociais e internet
Compras compulsivas
Alimentação compulsiva (açúcar, gordura, sal)
Workaholism (trabalho compulsivo)
3. Bases Neurobiológicas da Adicção
A adicção está diretamente relacionada à desregulação do sistema de recompensa do cérebro, principalmente nas áreas que liberam dopamina.
Com o tempo:
O cérebro desenvolve tolerância, exigindo doses maiores ou estímulos mais frequentes para sentir o mesmo prazer.
A ausência da substância ou comportamento gera sintomas de abstinência, como irritabilidade, tristeza ou ansiedade intensa.
4. Fatores que Contribuem para o Desenvolvimento da Adicção
Diversos elementos influenciam o risco de desenvolver uma dependência:
Fatores Genéticos
Existe uma predisposição genética em muitos casos, especialmente quando há histórico familiar.
Ambiente e Vivências
Abuso ou negligência na infância
Trauma psicológico
Pobreza ou violência
Estresse crônico
Saúde Mental
Transtornos como: ansiedade, depressão, TDAH, transtorno de personalidade borderline, entre outros
A adicção pode funcionar como uma tentativa de automedicação desses estados psíquicos.
Conclusão
A adicção é mais do que uma escolha: é um transtorno cerebral complexo, com raízes biológicas, psicológicas e sociais. Entender seus mecanismos é o primeiro passo para prevenção, acolhimento e tratamento efetivo.
Na Terapeuta Conecta, acreditamos em abordagens integradas e acessíveis para auxiliar quem enfrenta esse desafio. Se você ou alguém próximo está lidando com dependência, busque apoio especializado.
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Alcoolismo e Neuropedagogia: Um Olhar Integrado para Compreensão e Intervenção
Euzeni de Matos Psicopedagoga, Neuropsicopedagoga e Psicanalista Clínica, Terapeuta em Dependências Químicas.
1. O que é o alcoolismo e como afeta o cérebro?
O alcoolismo é classificado como um transtorno mental e comportamental, caracterizado pelo consumo compulsivo de álcool, mesmo diante de prejuízos significativos à saúde e à vida social.
O uso abusivo de álcool afeta diretamente o funcionamento cerebral, comprometendo habilidades como a memória, a atenção, o julgamento crítico e o controle emocional. Além dos impactos físicos, essas alterações comprometem o processo de aprendizagem e o comportamento adaptativo.
2. Efeitos do álcool no cérebro: uma visão neurocientífica
Do ponto de vista da neurociência, o álcool interfere nas funções de regiões cruciais do cérebro, como:
Córtex pré-frontal – responsável por decisões e autocontrole;
Hipocampo – ligado à formação de novas memórias;
Sistema límbico – associado às emoções.
O consumo crônico pode levar a síndromes graves, como a Síndrome de Wernicke-Korsakoff, gerando perdas cognitivas irreversíveis e dificultando a reabilitação do indivíduo.
3. Como a neuropedagogia contribui para entender os efeitos do álcool
A neuropedagogia estuda como o cérebro aprende e como as experiências podem afetar esse processo. No contexto do alcoolismo, o comprometimento neurológico dificulta:
A aquisição de novos conhecimentos;
A autorregulação emocional e comportamental;
A motivação para a mudança de hábitos.
Compreender esses bloqueios é essencial para adaptar práticas pedagógicas e terapêuticas mais eficazes.
4. Estratégias de prevenção e intervenção baseadas na neuropedagogia
A prevenção ao alcoolismo pode se beneficiar de intervenções educativas que desenvolvam:
Educação emocional;
Resiliência;
Pensamento crítico e tomada de decisão consciente.
Já em contextos terapêuticos, abordagens neuropedagógicas permitem trabalhar a motivação, reabilitar funções cognitivas e promover a reconstrução da identidade pessoal. É uma forma de unir o cuidado pedagógico ao tratamento clínico.
5. Conclusão: um caminho integrador para enfrentar o alcoolismo
Ao unir ciência e humanização, a neuropedagogia oferece uma abordagem potente para compreender e intervir nos casos de alcoolismo. Profissionais da educação e da saúde mental, ao se apoiarem nesse conhecimento, podem atuar com mais profundidade na prevenção, acolhimento e tratamento de indivíduos em situação de vulnerabilidade diante do álcool.