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  • Por que é tão difícil aceitar a doença da adicção?

    Por que é tão difícil aceitar a doença da adicção?

    Por que é tão difícil aceitar a doença da adicção?

    Por Marcelle Caroline Azevedo – Psicóloga Clínica | CRP 11/517 – Psicanalista, Terapeuta em Dependência Química


    Compreendendo a dificuldade de aceitar a dependência química

    Aceitar o diagnóstico da adicção (ou dependência química) não é simples — é, na maioria das vezes, um processo doloroso e desafiador. Enfrentar essa realidade significa abrir mão de diversos aspectos que são, culturalmente, vistos como sinônimos de prazer, sucesso ou liberdade.

    Festas, prazeres momentâneos, o desejo de sempre ter razão, relações amorosas instáveis, a necessidade de perdoar rapidamente, mostrar-se compreensiva o tempo todo, trabalhar em excesso, manter relacionamentos a qualquer custo… Tudo isso pode fazer parte de um estilo de vida que mascara sofrimentos internos. E talvez o ponto mais delicado: abrir mão do aparente controle sobre a própria vida.

    O autoengano como mecanismo de defesa

    Essa renúncia interna não acontece de imediato. Muitas pessoas em processo de tratamento tentam justificar seus comportamentos com frases como:

    • “Eu só uso socialmente”
    • “Consumo em pequenas quantidades”
    • “Estou no controle”

    Mesmo durante a reabilitação, ainda pode haver resistência em reconhecer o quanto o vício afeta sua saúde mental, emocional e relacional. Esse autoengano é um dos maiores obstáculos no caminho da recuperação.

    Adicção: aceitar é o primeiro passo para mudar

    É comum tentar mascarar a tomada de consciência, principalmente quando a verdade dói. Mas aceitar a adicção como uma doença crônica, progressiva e tratável é um ato de coragem, lucidez e responsabilidade. Esse é o primeiro e mais importante passo rumo à recuperação integral.

  • Dependência Química: A Disfunção Central é a Perda de Controle e o Prejuízo Funcional

    Dependência Química: A Disfunção Central é a Perda de Controle e o Prejuízo Funcional

    Dependência Química: A Disfunção Central é a Perda de Controle e o Prejuízo Funcional

    Por Jairo Telles – Terapeuta e Conselheiro Pleno em dependência química

    A dependência química é uma condição crônica e progressiva que vai muito além do simples uso de substâncias. Uma de suas principais características — e também a mais prejudicial — é a perda de controle sobre o consumo, acompanhada por um prejuízo funcional significativo na vida do indivíduo.

    O que caracteriza a dependência química?

    Segundo o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais), a dependência química, também chamada de transtorno por uso de substâncias, é marcada por um padrão recorrente de uso compulsivo, mesmo diante de consequências negativas. Isso inclui:

    • Incapacidade de reduzir ou interromper o uso, apesar do desejo;
    • Consumo em quantidades maiores ou por períodos mais longos do que o planejado;
    • Persistência no uso, mesmo com prejuízos físicos, emocionais e sociais.

    Esse padrão indica uma disfunção central: a perda de controle, que é considerada o critério diagnóstico fundamental da dependência.

    Classificação internacional da OMS

    A CID-11, da Organização Mundial da Saúde (OMS), reforça essa perspectiva. Define a dependência como um “padrão de comportamento de uso de substâncias que resulta em comprometimento significativo do funcionamento pessoal, familiar, social, educacional, ocupacional ou em outras áreas importantes”.

    Em outras palavras, a pessoa passa a viver em função da substância, abrindo mão de compromissos, autocuidado, vínculos e até mesmo da própria saúde física e mental.

    Impactos da perda de controle

    A disfunção central da dependência química traz consigo uma série de outras consequências que afetam a qualidade de vida do indivíduo:

    • Prejuízos cognitivos, como o enfraquecimento da tomada de decisão e do julgamento;
    • Isolamento social e degradação dos vínculos afetivos;
    • Abandono de responsabilidades escolares, familiares e profissionais;
    • Descaso com a saúde, muitas vezes agravando condições físicas e emocionais.

    Como afirmam Inaba & Cohen (2011):

    “A dependência não é apenas uma questão de força de vontade ou moralidade, mas uma condição médica crônica que afeta o cérebro, o comportamento e o funcionamento do indivíduo.”

    A perda da escolha consciente

    A dependência química anula gradativamente a capacidade de escolha consciente frente ao consumo. O sujeito se vê aprisionado em um ciclo de uso compulsivo que impacta todas as esferas de sua vida. Essa incapacidade de interromper o uso por vontade própria é o verdadeiro núcleo da doença da dependência.

    Conclusão

    Compreender que a maior disfunção do dependente químico é a perda de controle permite uma abordagem mais empática, baseada em evidências científicas. A recuperação exige mais do que força de vontade: requer tratamento multidisciplinar, apoio terapêutico e um ambiente que favoreça o acolhimento e a reconstrução da autonomia.

  • A Relação Entre Saúde Mental e Dependência de Substâncias

    A Relação Entre Saúde Mental e Dependência de Substâncias

    A Relação Entre Saúde Mental e Dependência de Substâncias

    Por Viviane Maria Maia Coelho – Psicanalista Clínica • SBPP2023365 – Prevenção e Tratamento do Uso de Drogas

    Introdução

    Vivemos em uma sociedade onde os desafios emocionais são cada vez mais presentes. Condições como ansiedade, depressão e estresse crônico afetam milhões de pessoas todos os anos.

    Ao mesmo tempo, cresce a preocupação com o uso abusivo de substâncias psicoativas, como álcool, tabaco, medicamentos e drogas ilícitas. Mas afinal: qual é a relação entre saúde mental e dependência de substâncias?


    🧩 Saúde Mental: Um Pilar da Qualidade de Vida

    A saúde mental influencia diretamente como pensamos, sentimos e agimos diante das adversidades do cotidiano. Transtornos como depressão, ansiedade e bipolaridade podem afetar profundamente o comportamento, e muitas vezes levam ao uso de substâncias como forma de alívio.


    🚪 O Uso de Substâncias como Porta de Entrada

    É comum que pessoas recorram a drogas ou álcool como uma tentativa de amenizar sintomas emocionais intensos:

    • Pessoas com ansiedade podem usar álcool para se acalmar;
    • Indivíduos com depressão buscam estimulantes para ganhar energia;
    • Pacientes com traumas recorrem a substâncias para “anestesiar” lembranças dolorosas.

    Essa prática, apesar de parecer uma solução rápida, pode se transformar em um ciclo de dependência química, agravando o quadro de saúde mental.


    🔁 Dependência Química: Causa ou Consequência?

    A dependência de substâncias pode surgir como consequência de um transtorno mental, mas também pode provocar novos desequilíbrios psicológicos.

    Por exemplo:

    • O uso contínuo de álcool está associado à depressão e prejuízos cognitivos;
    • Cocaína e crack podem desencadear surtos psicóticos e agressividade;
    • A abstinência de certas substâncias pode causar ansiedade generalizada e transtornos de humor.

    ⚖️ Duplo Diagnóstico: Quando Dois Problemas se Encontram

    Quando o paciente apresenta simultaneamente um transtorno mental e dependência química, estamos diante de um duplo diagnóstico.

    Esses casos exigem um tratamento mais completo, com:

    • Atendimento psiquiátrico e psicológico simultâneo;
    • Equipe multidisciplinar (psicólogos, médicos, terapeutas);
    • Suporte familiar e comunitário;
    • Participação em grupos terapêuticos e programas de reabilitação.

    Tratar apenas uma parte do problema não é suficiente — é necessário olhar o indivíduo de forma integral.


    🛡️ Prevenção e Cuidado Integrado: O Caminho Mais Eficaz

    A prevenção começa com ações simples, mas poderosas:

    • Educação emocional desde cedo;
    • Escuta ativa e ambientes acolhedores;
    • Apoio psicossocial acessível e livre de estigmas;
    • Políticas públicas voltadas à saúde mental e combate às drogas.

    É preciso investir em informação, empatia e acesso ao cuidado especializado.


    Conclusão

    A relação entre saúde mental e dependência de substâncias é profunda e complexa. Compreender essa conexão é fundamental para promover o cuidado adequado e evitar recaídas.

    Ninguém escolhe estar em sofrimento. Por isso, é essencial oferecer escuta qualificada, acolhimento e tratamentos integrativos que respeitem o contexto de cada pessoa.


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  • O Vazio que Ecoa: Kurt Cobain e a Dor da Dependência Química

    O Vazio que Ecoa: Kurt Cobain e a Dor da Dependência Química

    O Vazio que Ecoa: Kurt Cobain e a Dor da Dependência Química

    Um grito de angústia que ecoa na alma de muitos

    Kurt Cobain, com sua voz rouca e letras viscerais, conseguiu dar voz a um sofrimento que muitos sentem, mas não conseguem expressar. Em “Something in the Way”, ele revela uma dor silenciosa, uma sensação de vazio que, apesar da fama e do sucesso, o acompanhava constantemente. A melodia sombria da música transmite essa angústia, refletindo a luta interna de Kurt contra o vazio existencial e as dificuldades pessoais. Para muitos dependentes químicos, esse sentimento de “nada” é uma realidade constante. A substância não preenche o vazio interior; pelo contrário, agrava a dor, criando um ciclo vicioso e difícil de quebrar.

    O vazio existencial: um companheiro da dependência

    Esse vazio existencial é uma das características mais comuns entre aqueles que enfrentam a dependência química. A busca por alívio nas drogas é, muitas vezes, uma tentativa de preencher uma lacuna emocional profunda, uma sensação de desconexão do mundo e de si mesmo. Segundo o estudo “Dependência química e abordagem centrada na pessoa: contribuições e desafios em uma comunidade terapêutica”, essa sensação de vazio está intimamente ligada ao sofrimento psíquico, onde o uso das substâncias busca aliviar, ainda que temporariamente, a dor emocional. No entanto, o vazio nunca é realmente preenchido, e a dependência se torna uma tentativa de controlar algo que está além do alcance.

    Kurt Cobain: um reflexo da dor invisível

    A dor interna de Kurt e o vazio que ele retratou em sua música são paralelos à experiência de muitos dependentes químicos que, ao enfrentarem a perda de sentido e a desconexão com o mundo, recorrem às substâncias como uma forma de fuga. Como destaca o artigo “A abordagem dos termos dependência química, toxicomania e drogadição no campo da Psicologia brasileira”, a forma como a dependência é entendida pode influenciar diretamente a abordagem terapêutica, enfatizando a necessidade de tratamentos que não se limitem ao físico, mas que também abordem o sofrimento emocional e existencial.

    O legado de Kurt Cobain e sua luta visível contra a dependência servem como um reflexo do sofrimento que muitos enfrentam, mas que nem sempre é visto. A perda precoce de Kurt nos lembra da urgência de falar sobre saúde mental e dependência química, oferecendo apoio para aqueles que estão tentando preencher um vazio interno com algo que só agrava a dor. É necessário olhar para esse vazio com empatia e compreensão, ajudando aqueles que enfrentam essa batalha a encontrar novos significados e propósitos, sem recorrer às substâncias que apenas perpetuam o sofrimento.

    A importância do diálogo e do apoio

    Vamos continuar a conversar sobre saúde mental, oferecendo redes de apoio a quem precisa, e reconhecendo que, por trás da dependência, há uma dor profunda que precisa ser acolhida. Se você ou alguém que você conhece está lutando contra a dependência química, saiba que você não está sozinho. A Terapeuta Conecta oferece uma rede de terapeutas especializados que podem te ajudar a encontrar um caminho para a recuperação e para uma vida com mais significado.

  • Fase I: Sinais de Aviso de Recaída (Interno)

    Fase I: Sinais de Aviso de Recaída (Interno)

    Fase I: Sinais de Aviso de Recaída (Interno)

    Por Tarcísio Gonçalves Júnior – Assistente Social | Terapeuta Conselheiro

    A fase inicial da recuperação de qualquer dependência é um período delicado, onde a atenção aos sinais de alerta é fundamental. É comum que, nessa etapa, a pessoa sinta uma dificuldade em funcionar como antes. Um dos principais sinais de aviso de recaída, nesta fase, é a dificuldade de pensar com clareza.

    Dificuldade de Pensar com Clareza: Um Sinal de Alerta

    Essa dificuldade pode se manifestar de diversas formas. A mente pode se tornar um turbilhão de pensamentos rígidos e repetitivos, criando uma sensação de sobrecarga e ansiedade. Por outro lado, a mente pode parecer um “vazio”, com dificuldade de concentração, raciocínio lógico e clareza mental.

    Essas barreiras mentais tornam desafiador até mesmo resolver problemas simples do dia a dia, gerando uma sensação de incerteza e paralisia diante dos próximos passos a serem dados, tanto na vida pessoal quanto no processo de recuperação.

    Impulsividade e Recaída

    Em momentos de confusão mental, decisões importantes podem ser tomadas de forma impulsiva, sem a devida reflexão e análise das consequências. Esse comportamento impulsivo aumenta significativamente o risco de recaída, pois a pessoa pode agir por impulso, buscando alívio imediato em comportamentos ou substâncias que antes causavam dependência.

    Reconhecer esses sinais de aviso – a dificuldade de pensar com clareza, a mente sobrecarregada ou vazia, e a impulsividade – é crucial para evitar a recaída. A intervenção precoce, com o apoio de profissionais e a utilização de técnicas de prevenção de recaída, pode fazer toda a diferença nesse momento crítico.